Sim, é natural que queiramos rever os nossos entes e amigos que já se foram.
Em muitas religiões mono e politeístas, é mais que uma esperança: é uma certeza.
O que me intriga é saber: encontrarei minha querida avó na vetustez dos seus 75 anos ou no luminar dos 25?
Se jovem, ela não poderia ser avó; se idosa, traria a beleza só possível nos encantos de segunda mãe, mas com os machucados da inflamação que a idade enverga a todos.
Por eu não crer em soluções mágicas para o mistério da morte (tampouco tenho a resposta), me pego a fazer esses exercícios: consulto um físico aqui, um cientista acolá, um texto hebreu extratorá, um fragmento hindu, e me abundo de mais dúvidas.
Certa feita, intrigado ao ver a Pietá, me aborreci com o rosto excessivamente jovem da mãe de Jesus; este em seu colo. "A proximidade com o divino rejuvenesce", me consolou um sábio das antigas.
Se dependesse de mim (e ainda bem que não), a pessoa voltaria aos nossos olhos como foi; fora isso, não aceito.
Outro dilema é o das crianças. Ora, se morrem idem, e elas acaso caiam na armadilha de adultescer, como saberemos quem é a pessoa? A que gostos teve de ceder para compor sua persona?
Terei essa resposta ao sentar com o Divino no cume do Fuji, enquanto apreciamos o desfilar das ilusões humanas lá embaixo? E se Ele não me convencer? E se tripudiá-lo ao dizer que eu teria organizado o mundo e a existência de forma mais eficiente, noves fora minha ignorância?
Seria uma conversa e tanto.
A dúvida é o único caminho para se alcançar o mistério da vida e do Deus.