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O Leiloeiro

Em um leilão, o leiloeiro diminuía o valor da mercadoria a cada lance. Os apostadores, cansados daquele excesso, discordavam do método, e sempre e sempre subiam o valor do lance, para irritação do leiloeiro que, ignorando o aumento dos lances, tamborilava seu martelo ao ar.


A irritação se seguiu até que o leiloeiro não aceitasse mais lance algum; os arrematantes, indignados com a atitude, queriam dobrar, triplicar, quintuplicar a comissão do leiloeiro, e a tentativa de seduzir o homem soava infrutífera.


Parecia evidente ao leiloeiro o desinteresse dos presentes em adquirir a mercadoria, a não ser que os valores lhes surpreendessem. Os que primeiramente se chocaram contra a astúcia do leiloeiro tiveram a presença subtraída da casa de leilões; parrudos seguranças embutiam em seus grossos corpos os insatisfeitos, e pela sala não se ouvia mais do que o silêncio, o típico silêncio que caracteriza o vagar das nuvens no céu.


Em minutos só restou no auditório o leiloeiro e o objeto alvo da controvérsia. O leiloeiro cogitou a posse do objeto, não sem antes examiná-lo, e, após uns instantes de exasperação, resolveu sair da sala, trancar a porta do prédio e abandonar a peça a sós.

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