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Napoleão

Pergunta: Sr. Bonaparte, os efeitos causados pelas suas guerras não foram contrários à chama da Revolução que deu ensejo para sua ascensão?

Napoleão: As guerras são necessárias aos projetos humanos e a força que liberta e propicia um único homem a mudar a face de um continente inteiro (para não dizer de um mundo) não pode ser ignorado nem desprezado com silogismos e emblemas sem o furor que aquece os campos de batalhas! Eu sou o germe que fez frutificar esta civilização. Sem eu, ainda haveria tribos em vez de cidades!

Pergunta: Re-pe-tin-do: Sr. Bonaparte, os efeitos causados pelas suas guerras não foram contrários à chama da Revolução que deu ensejo para sua ascensão?

Napoleão: O Exército é o subsídio histórico que alicerça todos os direitos civis! O que seria da Revolução sem o apoio incondicional das armas e do sangue dos homens mais nobres que o solo francês já produziu, quais sejam, os soldados, os filhos mais extraordinários que o horizonte dos Francos ora pode dedicar uma marcha!?

Pergunta: Visto que jeito não há para fugir de sua retórica militar, vamos ao prosaísmo das coisas. Não foi deprimente saber que a sinfonia que Beethoven lhe havia dedicado foi rasgada quando ele soube de sua auto-coroação como Imperador da França? [ao saber da coroação, o músico teria dito “é apenas um homem” ou “À memória de um grande homem”].

Napoleão: Ludwig é um grande espírito. Sinto que ele não tenha se apercebido que eu não traí os ideais da Revolução, mas os aperfeiçoei segundo o que aprendi com os grandes Mestres, que julgo saberem mais e serem mais dignos de respeito e me refiro a Aristóteles, a Maquiavel, a…

Pergunta: Mas Aristóteles nutria horror à tirania. E por falar em mestres, não foi um tanto sem propósito e terminantemente extravagante invadir o Egito, país sem qualquer relevância no século 18? O propósito era imitar seu modelo de heroi, Alexandre Magno?

Napoleão: Alexandre foi um grande político, grande legislador. Mas não tinha intenção de copiá-lo. Sem minhas tropas, não haveria Pedra de Roseta, sem Pedra de Roseta, não haveria leitura dos hieróglifos, compreende a dívida que a humanidade tem para comigo?

Pergunta: Alexandre entrou no Egito aclamado como Libertador, o senhor lutou como um cão e perdeu homens como formigas em Alexandria. Sua exaltação de si mesmo não é desmedida demais, apesar do tempo que o distancia do trono e da glória?

Napoleão: Jujot, a história e a audácia não perdoam os negligentes. Posso ser acusado de atrocidades, de excentricidades, mas fiz a história passar por mim sem indiferença, ela tremeu diante de mim, gemeu sob minhas unhas, teve de se ajoelhar diante do meu fulgor. Você lembra Alexandre; eu lembrarei o gigante Aníbal derrotado que antes do suicídio proferiu heroico: “Libertemos Roma dos terrores que lhes causa um velho!”.

Pergunta: Seu pseudo-compatriota Pascal ensinava que eloqüência demais cansa.

Napoleão: Jujot, porque pseudo se ele era sangue da minha pátria?

Pergunta: Isto é curioso. Seu nascimento “oficial” data de 15/8/1769. Só que há evidências de que tenha nascido em 5/02/1768. Em 1769 a ilha da Córsegaainda era propriedade italiana, logo você seria tão italiano como o molho pesto…

Napoleão: Injúrias descabidas devem ser violentadas com o silêncio.

Pergunta: Não se sentiu humilhado por ter sido enganado pelo rei de Portugal que negociava em segredo com os ingleses e com sua chancelaria ao mesmo tempo?

Napoleão: Aquele horroroso monarca não era digno da Coroa Portuguesa. Fugiu como um rato antes da minha investida. Os ingleses foram covardes.

Pergunta: Mas o senhor foi pedir arreglo a eles quando viu que o segundo retorno a Paris foi um fracasso.

Napoleão: Estratégias cicerone, estratégias.

Pergunta: São tantas perguntas a fazer a um homem tão magnânimo… quando estava exilado em Santa Helena, ou seria em Elba?, foi verídico os rumores de que queriam trazê-lo ao Brasil para liderar a Independência da colônia portuguesa?

Napoleão: O povo francês seria glorificado com este ato. Mas mais do que isso já não tinha o prazer da bulha das batalhas, e seria desonrar minha pátria lutando por interesses alheios ao da minha adorada França; por isso recusei.

Pergunta: Para terminar, antes que o leitor caia de sono e tédio, o senhor faria algo diferente do que fez? Colocaria profissionais em vez da parentela para governar os reinos europeus? Isso sem falar do desastre de invadir a Rússia no inverno, dos maus cálculos em Waterloo…

Napoleão: A vida não pode ser uma eterna Austerlitz [uma das vitórias de Napoleão], com o farfalhar da queda é que o homem permanece ereto para receber o dardo da morte. Esses erros a que você se refere não fez mais do que realçar meu espírito superior, minha sagacidade indomável e o zelo com que dediquei minha vida pela França querida. Povo francês, é diante de ti que me curvo e venero o sangue imperial de tua glória! Se houvessem mais Napoleões na França, ela não seria apenas um país, mas um universo resplandecente! Viva a França!

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