Murillo Bartolomé (1618[?]-1682) é um prodígio da pintura espanhola. Foi considerado um dos maiores pintores de todos os tempos no 19, mas agora goza de sincera obscuridade. Apesar de ter se ocupado de temas religiosos (sua Imaculada Conceição é das mais representativas) Gosto principalmente de suas figuras de crianças camponesas porque me remetem às tristes órfãs de Charles Dickens.
A cena do Menino Jesus tem uma dramaticidade violenta e desafiadora para o espectador: de onde vem a luz que banha o divino corpo da criança? Perceba que é o bebê que irradia a luz para seus observadores; ele é a própria luz. Os rostos iluminados dialogam diante da maravilha. É um belo momento da arte.
Sem a emoção das tintas de um Velázquez (de quem foi contemporâneo), ele pertencia a um barroco, digamos, "genuíno", já que não há "dinâmica" nas suas narrativas de temática densa, diferente de Velázquez cujas telas parecem se movimentar a todo o tempo (ver quadro As Meninas etc).
Grande artista esquecido. Como Shakespeare e Jan Veermer, logo logo foge do calabouço do ostracismo....
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