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Mulheres Inovadoras

Bons tempos aqueles em que o único ônus de ser amante era... ser amante. Hoje custa dinheiro, como prova o caso duma professora em Goiânia que teve sua pretensão judicial atendida no pedido de indenização por traição: a amante foi condenada a pagar, em primeira instância, amáveis R$ 31.125,00, por ofensa à honra e à moral, que, apesar de desacreditada, como as ações da Bolsa, ainda tem algum valor.


A mulher concentra em si essa sutil arte, própria do sexo – a de reivindicar o inusitado, ainda quando óbvio e necessário. O ineditismo do fato causará o natural suspiro, que logo será substituído pela piada de bar, passado o susto.


Essas ações inovadoras pegam a sociedade, viciada e entorpecida pela rotina, de calças curtas, se é que calça usa esse ente disforme, impessoal e inimputável. Quem é a sociedade? A sociologia diz que ela é o conjunto de pessoas que interagem, compartilham propósitos, preocupações e costumes; em suma, sou eu e mais todos os demais; mas qual o perfil da sociedade? Seria ela honesta no seu todo ou meio corrupta? Ou fragmentária em níveis fortes e frágeis como a estátua do profeta Daniel?


A sociedade é todos e é ninguém. Ela é todos quando se deixa enganar pelos engodos dos políticos e ninguém quando deveria agir e prefere a conveniência da omissão.


Corretamente você estranha o fato de eu, num parágrafo, falar sobre um fato aparentemente “quente”, e noutro já mudar completamente o rumo do texto, escorregando para outro de menos octanagem de entretenimento. Eu explico; não se vá. Enquanto projeto a explicação, atenda o telefone, vá tomar um café ou disfarce sorrateiramente; abra uma planilha do Excel para enganar o chefe. O importante é não ir embora. Igual se diz à pessoa que sofre amnésia e é necessário lhe apresentar o Sol:


- Está vendo aquela bola ali? É o Sol... também conhecido como Astro de Fogo, Lanterna de Apolo, Deus-fervente, Vela do Dia; mas o mais importante é nunca tocar nele...


O caso duma mulher que é traída, ajuíza uma ação, e com este gesto, automaticamente, torna pública sua súplica, em si já encerra todas as interpretações e teorias possíveis. Em tempos mais amenos, a traída buscava refúgio ou na casa dos pais ou na casa do marido, tal era a necessidade de manter-se casada e, mais do que isso, parecer casada. Mas tudo evolui neste mundo, exceto os macacos, que, apesar de Darwin, prosseguem macacos.





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