Os astrônomos asseguram que há mais estrelas no céu do que grãos de areia na Terra. Como eles calculam isto é um mistério; mas nem só de cálculos e mistérios são feitas as matérias do Universo, e por mais celestial que o texto pareça estar, já já ele irá escorregar para os degraus rasteiros da existência humana.
A Policia Federal engaiolou uma horda de malfeitores. Entre os tais, Naji Nahas, megaladravaz de colarinho encardido; Celso Pitta, idem, e Daniel Dantas, ibidem. Claro está que a duração da cadeia será efêmera, tão efêmera como a flor efêmera que dá nome ao efêmero. Curtíssima.
O venerável ministro do STF, Gilmar Mendes, abriu o venerável bico para censurar o uso das algemas pelos federais na operação que prendeu os já citados semelhantes. Disse o conspícuo ministro que as prisões “era espetacularização, (...) não compatível com o Estado de Direito”. Mentalmente falei mal do ministro. Mandei-o à média do esgoto produzido pelo homem. Quis descer mais fundo, chamá-lo burocrata, o que seria elogio, então logo preparei outros nomes que só se aceitam que sejam ditos no anonimato da consciência; mas gosto de dizê-los em público, porque a minha elegância, diferente da mulher de César, não precisa parecer honesta.
É dorível ver o presidente da última corte de Justiça do país se incomodar com os “exageros” na prisão de foras-da-lei e mafiosos conhecidos como estes. Eu sinceramente, se me fosse dado o poder, mandaria soltar os bandidos e prender o ministro; aí sim ele teria o “direito” de espernear. Ora, se ditames legais, processuais, essa ladainha jurídica usada para embaçar a lei e autorizar bandidos a agirem à sua margem, foram violados na prisão, o que dizer dos crimes que eles – conforme apontam as investigações e, mais que isso, o histórico deles – cometeram? Um erro não corrige o outro, mas então que se estenda a todos os suspeitos o direito e não se restrinja aos comparsas de ministros e políticos do Brasil!
Quando, praticamente todos os dias, o Sr. José Ruela é preso, moído no cacete, torturado, violado, não aparece ministro algum para lhe defender o direito, mas quando um magnata é violado, parece um escárnio. Vá para o diabo, Sr. Ministro!
Sr. Ministro, sua atitude, calcada na “legalidade do devido processo”, além de enojar os cidadãos de bem deste subúrbio do mundo, o torna mais suburbano ainda. O presidente da maior companhia da Coréia do Sul teve de prestar 300 horas de serviços comunitários, entre outras penas pecuniárias, após ser pilhado corrompendo membros do governo; fosse o senhor ministro coreano, não permitiria tal pena, seria indigna a um homem de poder.
Era isso que queria dizer; é muito menos crônica do que desabafo. Convenho crer que é um texto manco de estilo, porque sanguíneo, até irado, e por isso um pouco vazio; a ira muita vez faz com que se fraqueje do intelecto. Bom final de semana, fora das grades, amigo leitor.
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