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Lionel Messi


Lionel Messi é fantasia e iluminação, é arco, flecha e também a gravidade que sustenta a seta até o alvo. Diante do pequerrucho argentino a bola e sua natureza obesa, parece esguia perante seu pé. Messi marcou 5 gols num jogo da Liga dos Campeões da Europa. O campeonato existe desde os anos 50, dezenas de milhares de jogadores disputaram o certame, jamais alguém fez igual.


Messi sabe encontrar espaço onde o espaço abunda e isso o diferencia fatalmente porque muitos craques gostam de um palmo de chão para erguer o latifúndio da bola, mas Messi faz ao contrário, é nos enormes vãos do ultra espremido futebol atual que ele deslumbra a pelota, seduzindo-a com carinhos na ponta do pé.


De um desvão ele faz um céu. O modo como conduz a bola, meio curvado, lembra um torpedo, mas com a malemolência da gelatina e a fluidez da água na palma da mão. É a forma mais precária de se jogar. Todos os grandes jogam vertical, Pelé, Zico, Maradona, jogam com o peito empinado, feito pombo. Em Messi a curvatura obriga o corpo a um equilíbrio complexo, mas que parece auxiliar o baixinho a tal ponto de ser uma arma escondida, camuflada na evidência, para ninguém ver.


E se Messi não bate faltas como Zico, não domina a bola como Diego, nem tem a completude de Pelé é porque seu gênio já basta o que excede nos outros.


Na sua trilha de se tornar mais que um jogador de bola, existe outro aspecto que faz dele um sujeito misterioso; Messi não usa brincos, não se tatua, não faz dancinhas ao comemorar gols, não bate carros embriagado, não tem cabelo extravagante, não agradece a Jesus pelos sucessos, ele não carece de nenhum assessório além de seu talento, e aliar isto ao sucesso e à bajulação é tão raro quanto brilhar ignorando a luz.


Hoje o grande Messi ainda não é Maradona, ou pelo menos não tem seu mito. Como um inquilino ele tem a posse, mas não a propriedade. Para conseguir a propriedade terá de vencer sozinho, como Diego, uma Copa, coisa que ele poderá fazer facilmente no Brasil em 2014, quando, igualzinho a Garrincha em 62 e Diego em 86, os dois únicos que ganharam sozinhos uma Copa, estará reluzindo com os mesmos 26 anos dos dois mitos do passado, um degrau acima do ápice.


Para o bem das mitologias e dos fatos que alteram como querem a realidade, é bom que a Argentina vença o Brasil na final da Copa, e que Messi nos maravilhe, ainda que nos faça chorar.


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