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Ingrid: E as Desculpas?

Newton, aquele da maçã, não gostava de sorrir; sua cara só se abria para o mundo misterioso que esconde os segredos da natureza. Diz a lenda que ele só riu uma vez, quando perguntaram-no se acreditava em astrologia. Se Newton tivesse o poder de permanecer vivo, fisicamente dizendo, não sei se ele sorriria ou choraria do, até agora, mais espetaculoso evento do ano de 2008: a soltura da senadora franco-colombiana Ingrid Betencourt.


O único fator que me une a Isaac Newton é a classificação científica de gênero (Homo sapiens); não obstante a isto, difiro do gênio inglês por ter a faculdade de sorrir, e até que sorrio bastante, mormente quando muitos choram. O resto é escárnio.


Todos riem com o episódio de Ingrid, menos eu; e o mais grave, o mais solene, é que não o faço pelo prazer satânico de discordar quando a concórdia impera; não, o faço porque é inacreditável que DENTRO de um Estado moderno, para não falar de um mundo moderno, sete centenas de pessoas permaneçam por seis anos sequestradas e não haja uma ação efetiva do governo, apenas teatro, manobras e politicagens.


A felicidade pela libertação maquia a desolação pela apatia governamental dos 2635 dias em que a mulher passou no cativeiro; “regredi à Idade da Pedra, na selva tudo é difícil, uma pasta de dente, tudo”, pontuou ela. Em vez de discursos, felicitações, memorandos dos líderes mundiais, o que deveria ser feito era um pedido formal de desculpa, como a dizer: “Nos perdoe, Ingrid, pela incompetência nossa de cada dia”. E ela, se não almejasse, além da manutenção da vida, faturar politicamente com sua triste história, deveria repudiar os afagos (também políticos) e protestar veementemente contra os mortos pelos facínoras da guerrilha e os que ora estão sob seu guarda-chuva pernicioso.


As complicações deste mundo são deste mundo.





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