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Guerra com Paz

Vejam só o que são as pessoas. O que faz um cidadão, aparentemente dono de seu juízo, ir à sede do clube porque torce, pleno meio dia, pleno dia útil, protestar contra a falta de reforços, contra a apatia do time... O que são as pessoas. Isto é o que, na verdade, sustenta a nação na coluna da paz. É por causa de sujeitos assim que ainda impera a normalidade no país e sua aparente ordem civil.


A imprensa noticia diariamente o conflito envolvendo o Estado de Israel com Gaza; dizem que há guerra lá quando não há guerra alguma; guerra, até onde eu sei, é quando duas nações se enfrentam; o que há lá é um massacre de uma potência militar contra uns desalmados, homens sem armamentos e com farrapos, lutando por uma causa que causa temor e pavor, porque infinda. Os humanos gostam de confusão.

Se seguissem o exemplo dos devotos da Srta. Águeda...


Santa Águeda, mártir católica da Sicília, é a um só tempo reverenciada por sineiros e pelos que acham que devem se benzer pães em 5 de fevereiro, suposto dia de sua morte, tudo porque seus seios foram arrancados por seus carrascos e postos numa bandeja; uns acham que as mamas extirpadas se assemelham a sinos, outros a pães, e, para vingar a concórdia, cada um venera o que quer ver.


No Oriente Médio, não é assim. Cada povo entende que seu pedaço de terra é mais seu do que do outro, e como terras não se confundem com nada, é impossível que se divida o latifúndio, então o que fazem? Matam-se, que é um modo de se unir à terra querida, uma vez que o morto passa a se inserir no solo de onde se ergueu, se correta estiver a teoria de que tudo vira pó, inclusive os guerreiros.


Dando uma folga para a ironia que ironizará o ato, dessa vez Israel vai ter de levar o conflito até o fim; até o fim significa dizimar o inimigo Hamas, devolver as terras conquistadas na lança e esperar a retaliação dos fanáticos muçulmanos, que será feroz e sanguinária.

O que são as pessoas; umas preferem dividir o sangue a dividir o espaço da coexistência.

Certamente, a questão é mais embaixo, mas o que resolve a pendenga é lá em cima; não no céu, que parece não querer se envolver nos dilemas humanos, mas na cabeça, parte mais conflituosa do corpo, arengueira por natureza, ávida por uma vingança, como relatou curiosa matéria do Estado de São Paulo, em que 70 e tantos por % dos homicídios são causados pelo mais primitivo e perigoso sentimento que o homem achou de adquirir no mercado de sentires, a vingança.


Receio que não seja vingança o que motiva os militantes das causas palestinas e israelitas; talvez seja uma apatia, talvez eles não tenham times de futebol para torcer, para se reunirem em frente às suas sedes, reclamar dos maus resultados, e se metem a se matarem. Aqui no Brasil, lugar em que sobram motivos para uma aniquilação recíproca, as pessoas nem tchum para uma guerra, porque há muito time para protestar, muita novela para acompanhar, muita celebridade para vigiar.




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