Eu: Presidente, como será o próximo mandato?
Presidente: O processo democrático, entende, estou convencido...
Eu: Entendo. Mas os desafios serão muitos. Como pretende...
Presidente: As coisas está aí, o povo me acolheu, eu sou o povo...
Eu: Ok, presidente. Quais serão as metas do superávit primário?
Presidente: Não podemos esquecer o que já fizemos nesse país...
Eu: Não esquecemos, presidente, mas e os escândalos?
Presidente: As metas do próximo mandato já estão definida.
Eu: O Sr. não tem maioria no Congresso, vai ser difícil governar...
Presidente: As pratica, feita no governo, são nosso compromisso.
Eu: Certo, o correto é dizer que a roda é meio quadrada, não acha?
Presidente: Veja, estamos noutro momento histórico, entende.
Eu: O Corinthians, seu time... (interrompido)
Presidente: Isso é coisas da oposição sabe, não pudemos...
Interrompi o presidente assim que o percebi entediado com a entrevista. Isso de falar de temas burocráticos, desagradáveis, despachos, não é atributo de presidente. O gostoso do cargo é viajar pelo mundo, comer quitutes exóticos quando se está em viagem oficial em que viajem os amigos (viagem sem amigos não tem muita graça), trocar presentes com a rainha da Inglaterra, torcer para o papa da hora dar uma morridinha e levar uma comitiva para o Vaticano fazer turismo funerário, e o melhor, com todos os ex-presidentes juntos, para botar os assuntos em dia. Depois, em off, sem o presidente saber que estava sendo gravado:
Eu: Presidente, tenho uma pergunta que todos os brasileiros gostariam de lhe fazer, posso?
Presidente: Veja bem, meu caro, essas dialéticas improfícuas não conferem quaisquer consonância ao modus operandi e à (crase lida!) sistematização que faça com que eu possa responder com palavras unívocas inquirições que podem comprometer toda uma elaborada e pautada estratégia, tenho consoante o timing do que o povo espera de mim, sou um homem afeito ao que se pede a um político que tem grande know how. Que tal um Chateau Pétrus 1986?
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