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Abril, Amigos e Livros


O mês de abril é prolífico em comemorações. Do 1º a 30º dia; passando da correta homenagem à amiga mentira ao esquartejamento do alferes, o “Protomártir da Independência”. Mas os que eu mais gosto são o 18º e o 23º; são, respectivamente, o Dia Mundial do Livro e o Dia do Amigo; ambas pessoas imprescindíveis à civilidade e à eficiência para o difícil ato de viver.


Não calcule mal o “ambas pessoas”. Livros também são pessoas. Livros são feitos, em regra, por pessoas, pegam seus esquemas, a volubilidade delas. Alguns até catam e herdam a pequenez. Há livros orgulhosos, como Lolita; encabulados, como Inocência; realistas, como Dom Casmurro; insignificantes, como algum do Paulo Coelho; ambiciosos, como O Grande Gatsby; viris, como O Velho e o Mar; feminil, como Ana Karenina; enfadonhos, como qualquer catatau de um autor russo, exceto “Dosto” (Soljenitsen etc.); irados, como a Ilíada. E até singelos, como Os Pequenos Jangadeiros, da inesquecível coleção Vaga-Lume.


Os amigos merecem igual zelo e total distinção. Pede-se cuidado ao apresentar os que ainda não são comuns, porque, no futuro, quem pode ficar incomum a eles é você, que os apresentou e uniu. Amigos são tão necessários, que se diz de alguns: irmãos. Os que ficam para trás, por viagem ou por doença, esse preâmbulo da morte, causam uma sensação triste e furibunda. Quem já perdeu um amigo por uma dessas causas, sabe o que digo.


Já o livro, esse amigo de celulose, é aquele obsequioso e companheiro; pode até ter os iguais defeitos dos de carne e osso; podem ser pesadões como os de 800 páginas, malcheirosos, como aqueles de sebo; alguns até mesmo nos esgotam antes de o esgotarmos; mas, no seu silêncio, nos dizem mais do que precisamos ouvir. Alguém disse que preferia livros a homens. O axioma pede uma retificação: uma coisa é “homens”, outra é “amigos”; amigos são a versão suavizada deste ente perigoso e predador, chamado homem.


Já é tarde; a madrugada avança junto com o cansaço. Deixarei inconcluso o tema "Livros & Amigos", para amanhã, mas não sem antes lhe presentear com o fragmento da letra duma música cujo autor desconheço profundamente; reminiscências da infância, acho que se chama “Amigo de Papel”. O que sobrou do ouvido infantil foi isso:


“Meu velho amigo/ tanta coisa eu lhe falei/ mesmo sem você poder me escutar/ tantas vezes com você eu conversei/ meu grande amigo que bebeu a minha lágrima/ que guardou meu sentimento/ meu segredo minha vida:/ meu velho amigo/ meu diário de memórias/ de tristezas e alegrias/ minha estrada minha história/”.


Até amanhã, caros amigos.


Escrito por Alex Menezes, às 00h11.


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