Há quem prefira desvendar mistérios indeslindáveis tais como o de quem nasceu primeiro, se o ovo ou se a galinha; eu acho que foi a omelete, e pelo simples fato de que, segundo o que diz a teoria do Big Bang, tudo começou com um potente remelexo nas matérias inanimadas, de onde se baseia minha idéia de que, remexida, a omelete deu à luz ao ovo e à galinha. Só não me aborreçam com a ordem do nascimento, senão voltaremos à questão que não acaba nunca.
No eito desta minha teoria (não me xinguem, é culpa do FHC o “eito”), outra dúvida se lançará para ser resolvida nas próximas gerações, ou nos próximos milênios, ou melhor e honestamente escrevendo, no próximo bocejo; a idéia de “geração”, “milênios” é apenas para dar grandiosidade e um certo lustro à minha mediocridade operante.
O que veio primeiro, a CULPA ou a DESCULPA?
Se eu pisar no pé de um sujeito no aperto do metrô das 18h ele logo esperará de mim um pedido formal de desculpa; mas primeiro veio a culpa, que se manteve oculta, exceto pela bruteza do gesto de pisar no calo de um desconhecido, que eu peço ao destino que seja pacífico.
Esse prefixo “des” é o que salva. “Des” é latim e significa literalmente, segundo as normas cultas língua, “separação”; “ação contrária”; eu prefiro usar a minha norma inculta porém sadia de dizer que “des” funciona mais como “tirar” entrando em palavras como “desembargador” – que tira embargo, “desnatado” – que tira nata, e sobretudo o objeto da minha teoria, a “desculpa”, tirar a culpa mesmo, se livrar da encrenca.
Colocar no lombo de Adão o fardo de toda desventura humana é assaz desumano, mas alguém tem de pagar a conta, que é alta. As Escrituras não dizem, mas imagine a cena; logo após a consumação do pecado, Adão, que também criou a primeira edição de um desfile de moda a Éden Fashion Week, ao confeccionar com folhas suas vestes, escondido entre as árvores, dizer ao Todo-Poderoso: “Foi mal aê...” e o Todo, cheio de amor paternal, lhe responder: “Mas meu velho, tanta coisa para se fazer nesse mundão de meu Eu, uma Eva tão bela para se apreciar e tu vai me aprontar uma dessas?”.
Por óbvio, a gravidade da situação pedia uma formalidade equivalente – de onde surgiu, às pressas, forjado à urgência, o solene e cerimonioso pedido de “Desculpa”. À exceção da Bíblia, não existe ata da reunião com a primeira referência da História deste verbo humano porque não pode ser divino. Deste modo, para balizar minha teoria, encerro dizendo que a desculpa nasceu antes da culpa, pelos simples fato de que, no princípio, o homem desconhecia ser responsável por quaisquer atos seus (bons ou maus) mas que a necessidade clamou por uma defesa imediata e ela veio trajada neste nominho tão belo, tão doce e quase cheiroso – Desculpa. – pelo desenrolar da história, é possível que o Criador não tenha aceitado o pedido, daí a verdadeira origem desses sofrimentos sem fim...
Escrito por Alex Menezes às 00h05
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