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Sobre uma Aliança Social



A OTAN, Organização para o Tratado do Atlântico Norte (que tem como oposição o Pacto de Varsóvia, do bloco dos países comunistas) é a mais poderosa aliança militar do mundo; dia desses em que eu estava atulhado de ociosidade fui ler seu estatuto e lá pelo parágrafo sei lá qual, rezava: “O ataque a qualquer país-membro significa ataque a todos os países-membro”.



O ex-atleta Robson Caetano virou manchete quando, ao presenciar um assalto no trânsito, correu atrás dos meliantes, resgatou os objetos do ilícito e os restituiu à dona. (pelo vocabulário deu para perceber que estou impregnado de advogadês: entendam e perdoem). Não se sabe se a dona fulminou Caetano com o tradicional “Oh! Meu herói” dos contos medievais. Talvez não tenha dado tempo, o pânico suspende gentilezas numa hora dessas.



Nós da sociedade que inclui eu e você, somos covardes. Podemos até ser medrosos, (que é diferente de ser covarde) como uns e outros por aqui, mas covardes, jamais. Quando vemos um de nós sermos atacados no trânsito ou em qualquer lugar, em vez de termos a coragem de sacar o celular e ligar para a polícia, tentar açoitar dalguma forma o bandido, nos encolhemos no conforto da covardia. É vergonhoso. E digo com conhecimento de causa pois já estive nos dois lados dessa macabra moeda social e em ambas me vi refletido nesta agonia: encolhido e acovardado. Não podemos mais aceitar esse estado de letargia.


Ato supremo de covardia coletiva, os ataques de maio de 2006 em São Paulo em que a população correu à casinha como cordeirinhos obedientes enquanto o terror impetrado pelos marginais imperava, é a mostra de como não temos senso de coesão social. E tal fenômeno não se aplica apenas à elite do país (prefiro usar o sinônimo “escol”, modo de fugir dessa tolice de “a zelite” sempre usada em homenagem ao tosco “modus falandi” do seu presidente da República); não, atinge todos, a covardia é um mal democrático.



Em conversa informal com o professor de Processo Penal, ele relatou casos de pessoas que não querem ser testemunhas contra bandidos, com medo de represálias. Não querendo ajudar a condenar notórios malfeitores. É complexo. Claro. Eu também não quero ser testemunha de nada, passear em tribunais, as tratativas com juizes de Direito, só os nomes “processo”, “citação”, “oficial de justiça”, já nos causa pavor. O Estado que monopoliza e provê a Justiça, carece de nós, porque nós somos o Estado, ele sozinho é como um supercomputador sem alguém para operá-lo: inútil.



Claro está que não podemos nos candidatar a herói desses low tech que só sobrevive e se aposenta no cinema (ver o Zorro que com um chicote, enfrenta leões indômitos e até impérios!) e sair por aí cometendo heroicices porque seria idiotice e só nos sobraria um cemiteriocice; não, o clamor é para que os bandidos também temam o “LEÃO ADORMECIDO” que é a sociedade organizada, que ele, o pária, ao ofender um membro dessa poderosa aliança sinta-se ameaçado por todos os demais membros que são na esmagadora maioria cidadãos de bem e do bem, como é moda dizer.




Escrito por Alex Menezes às 23h58


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