As previsões do tempo não são mais como antigamente: quer ver porque? Então veja, caso não chova enquanto lê:
1º. As vendedoras, i.e, as apresentadoras do tempo têm de obedecer a um preceito supremo em tempos de pouca fé: serem espetacularmente belas. Eu, que não resisto a belezas de qualquer espécie, me peguei admirando uma dessas moças e quando me dei conta do que ela dizia, cataplawer! Ela já tinha saído do ar junto com a minha atenção.
2º. Não é privilegio nacional enfiar beldades na nossa retina para anunciar uma oferta de ciclones, promoção de temporais, liquidação de enxurradas; ao zapear canais internacionais vi um desfile de beldades prospectando o temperamento do tempo, que anda nervoso.
3º. Quem se habilita a lembrar os nomes que elas dizem? Zonas de Convergência do Atlântico Sul. Comercialmente é um nome perfeito, sonoro e imponente. Antes era só “Frente Fria” quando esfriava e nada de “Costa Quente” quando esquentava. Mas os nomes como os relacionamentos vão ficando obsoletos, e pede-se uma atualização e tome nomes pomposos e cheios de atmosfera viril.
4º. Não é rara a vez em que as flagro informando que “o tempo ficará ruim” em tal lugar. Ótimo. Vaga questão conceitual: tempo bom para sertanejo é tempo ruim para a gente urbana. Mas sertanejos como gente sensata, não dão bola para o que passa na TV.
O requinte das notícias segue toda uma métrica que atende a preceitos milimétricos para agradar os anunciantes. Dia desses uma dessas “Sereias do Tempo” (vou patentear) falou, a cara tristinha, que o tempo “não ia dar praia”, mas que “talvez abrisse no fim da tarde”: no canto da telinha, o logotipo em forma de sol de uma marca de bronzeador. Simples questão de fé, ou na marca ou em São Pedro, que não deve usar bronzeador porque, presumo, ele não deve morar na cripta do Vaticano e sim, um pouco acima do sol.
Escrito por Alex Menezes às 23h57
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