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Relatos de Uma Jovem Médica na América

"Vós que aqui entrais, deixai fora a esperança" – Dante Alighieri.


Recebi, comovido, o relato de uma jovem médica que, pela força imperiosa da necessidade, encontra-se radicada na cidade de Nova Iorque. Pelo seu espírito altruísta, além de cuidar da sua mamãe, arranja tempo para dar expediente num hospital novaiorquino e prosseguir seus estudos de medicina; muito mais para ajudar que para aprender, creio eu.

O relato que vocês irão ler, foi feito por alguma pequena paciente dela, está na íntegra. São as palavras de uma sobrevivente do Líbano em guerra, o seu nome, vale frisar, destoa da barbárie pelo seu tom lúdico no ver, no ouvir e no falar: Ranny. Não lembra assim, o nome com que se batizam as bonecas? Alguma menina já deve ter batizado sua boneca de Ranny. Vamos ao relato:

“Alex,


Hoje tive uma conversa apaixonante com Ranny (acho que é assim que se escreve seu nome)uma paciente que está aqui no hospital. Poucos sabem o que é experimentar uma situaçăo de guerra como o Líbano e tantos outros países vivem durante décadas.

Espantei-me com a alegria dela em narrar com orgulho a situaçăo de um país praticamente destruído e com familiares que saíram para trabalhar num dia qualquer e năo voltaram.

Ela disse que para os libaneses o segredo da vida está justamente em apreciar cada hora do dia. Afinal de contas é triste constatar, mas eles năo sabem o que e quem encontrarăo após um bombardeio.


A felicidade é compartilhada intensamente como se năo houvessem tempo para o amanhă. Eles fazem das 24 horas do dia um momento único de estampar o sorriso nos olhos.

Por isso, as palavras do Papa Joăo Paulo II voltam a minha cabeça enquanto ela vai contando sobre seu país..."O Líbano năo é um país, mas uma mensagem".


Por mais distante que seja a realidade de outros, essa conscięncia nos faz pertencer ŕ coletividade. O que acontece a alguém, de alguma forma, ocorre conosco ou reflete na nossa vida.


Daí surge o significado de solidariedade...sentimento que leva os seres humanos a se auxiliarem mutuamente, partilhando a dor com o outro ou se propondo a agir para atenuá-la.

Peço ao DEUS que nos faça cada vez mais solidários com as alegrias e tristezas dos que convivem no nosso pequeno "mundo".


Hoje esqueçamos, por um minuto que seja, das nossas dores e coloquemos nosso pensamento positivo para aqueles que sofrem com a injustiça. E relembro um trecho da poesia musical de Taiguara "A vez e a voz da paz"...O homem só...perdido na solidăo...fabrica um mundo onde o amor năo tem mais voz...năo reconhece em ninguém mais um seu irmăo.

Giovana”


Li com os olhos rasos d´água; mas antes os olhos do que a alma rasa. No começo desse texto citei Dante; até hoje não sei porque ele pede para que se deixe cá fora a esperança. Será que a esperança morreu de desesperança? Espero que não, espero que o grande Dante tenha se referido a outro tipo de esperança, a esperança dos que almejam praticar o mal, fique lá fora. Em homenagem pequena Ranny, amanhã teremos aqui nesse espaço, a bela historinha da boneca de Kafka.

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