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Re Natia



Li uma matéria comovente, no Estadão de domingo, sobre um caso de superação, desses que suspendem os sentidos. Uma carioca de nome estrangeiro, Kristie Hanbury, numa tarde qualquer de 1986, aos 17 anos de idade, ao sair de um shopping da capital fluminense bateu fortemente a cabeça num portão do prédio e, fraturada a 3º e 5º vértebras, tendo a 4º deslocada, sofreu edema cerebral e o pior dos pesadelos: ficou tetraplégica.


Subvertendo toda a lógica e toda a medicina, a bela Kristie não apenas voltou a andar como hoje joga pólo. É a criadora do primeiro de time de pólo feminino do Brasil.


Milagre?


É e não é. A capacidade que temos de encontrar em nós a cura que parece escapar às possibilidades da ciência e até mesmo da fé (quando a perdemos) é um algo que nunca será decifrado, nem por cientistas nem por teólogos. O mesmo e extraordinário fenômeno que fez Kristie voltar à vida após ser dada como inválida para sempre está ao meu e nosso alcance.


Kristie nunca desistiu, na longa matéria ela exortou o fato de sempre acreditar que iria andar novamente, não queria saber de estatísticas, diagnósticos frios, nem mau humor: queria a vida de volta, não aceitava tê-la usurpada por uma simples barra de ferro. Uma barra de ferro é às vezes uma espécie de tumor externo; é maciça é mais dura que um tumor: pôde ser vencida.


Há neste exato momento, um sem número de pessoas assoladas por uma alguma calamidade interna, um vírus que insiste em corroer as defesas do organismo, uma bactéria insidiosa que subjuga antes do corpo, o espírito do enfermo.


Renascer, re natia, como as flores que nascem num terreno desolado, vulcânico; olham os botânicos, olham os geólogos, olham os camponeses, olham os sacerdotes e todos desesperam da semente; dão as costas e neste exato momento a vida faísca a terra, num corte irregular, semelhante à navalha de luz que corta os céus na iminente tempestade, a planta contraria os laudos e as teorias, nasce altaneira, a vida às vezes perde, mas é muito mais poderosa do que a morte. Re natia.





Escrito por Alex Menezes às 22h40


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