Nos 226 anos da morte do único herói nacional motivo de feriado.... Tiradentes virou o "feriado", mas quem ele é? Quem sabe! Machado de Assis numa crônica de 24 de abril 1892 fala do alferes, estranha o nome Tiradentes mas logo prevê que a força da recorrência e a familiaridade do nome eliminará o caráter de "apelido", tão odiado, afinal, aquele que "tira dentes" numa época em que não se tinha inventado a anestesia, não devia ser amigo de ninguém. Quando menos, da Pátria.
O paraibano Pedro Américo pintou-o aos pedaços. De formação marcadamente acadêmica, o pintor é algo "engessado" na narrativa psicológica pesada do quadro, não nos dá o sentimento da dor já extinta do corpo mutilado, e coloca a cabeça do Inconfidente mais famoso em pé de igualdade com um crucifixo, numa clara mensagem mesclada entre homens que se sacrificaram por uma causa que é muito além de suas individualidades (Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice, mas seja feita a tua vontade etc Lucas 22:42).
Fosse um pintor não-acadêmico, jamais faria a luz incidir com tanta violência sobre o drama. Dê ao tema um doidivanas como um Caravaggio e ele enfia uma zona de sombras cuja luz custaria a aparecer senão em nesgas, em conta-gotas a pingar.
Machado compara o mártir a Prometeu, fala da linguagem das ninfas quando do tormento do grande Prometeu, traidor dos deuses. Joaquim X Joaquim. Eu quase me chamei Joaquim, única forma de me equiparar a esses dois monstros titânicos.
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