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O Enigma do Herói ao Meio

Não existe ferramenta boa para trabalhador ruim, costumava dizer um amigo caminhoneiro. O que será que acontece com o Ronaldinho Gaúcho? No Barcelona ele só não faz chover, mas deixa o tempo nublado; na Seleção o tempo faz-se opaco.



Já ouvi muitas sugestões para que ele melhore seu desempenho no time canarinho; listo algumas:



1. Jogar com a camisa nº 2 do Barcelona, que é amarela como a do Brasil e assim ele pensará que está no time catalão.


2. Não dizer para ele que a camisa 10 foi de Zico e Pelé.


3. Escalá-lo como zagueiro.


4. Se nenhuma dessas alternativas der certo, o jeito é convocá-lo para outra seleção, a do Cirque de Soleil. Faria sucesso com seus malabares. Ronaldinho é uma foca disfarçada de boleiro.



O rapaz é um craque paradoxal; flerta com a genialidade e oscila na incompletude. Ainda não é Diego, mas esteve quase lá. Poderia, na Copa 2006 ser herói-protagonista aos 26 anos. Agora só aos 30. Não há precedentes. Apenas dois gênios conseguiram ganhar uma Copa sozinhos; Mane/62 e Diego/86. Tinham 20 e poucos anos.



Ele é um fantasista. Desvirtua a lógica, insere dribles onde há apenas suor e vácuo; faz da bola a extensão do seu corpo, zomba com galhardia das leis da gravidade; seu mundo é oco de atmosfera. Faz às vezes de um Chaplin da bola. Dá chapéus, faz cabriolas, saracoteia por entre labirintos de beques. Faz da sua arte um esporte à parte. Reinventa a geometria do campo, ignora solenemente que a bola é um simples objeto inanimado desprovido de alma ou não é verdade que ela lhe obedece por meio de telepatia?



Mas toda essa performance longe da Seleção. É um gênio incompleto. As ferramentas que ele usa é a mesma nos dois times; porém há uma outra misteriosa que não está nas travas de suas chuteiras ou no escudo que enverga no peito: a ferramenta é a aura mítica que apenas e tão somente os heróis lendários ousam manusear e, no seu caso, pedusiar.


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