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O Costureiro a Cantora e o Fim da Humanidade



Para quem acha que é fácil a vida do cronista, tome aqui o teclado, o monitor e as idéias. Veja a dificuldade: dias atrás, um costureiro da “sociedade” paulistana, foi preso em flagrante ao furtar vasos num cemitério da cidade. Até aí nada de mais, isso de rapinar é coisa usual em qualquer classe. O qüiproquó começa quando leio esta declaração dele: “Não consigo explicar, é uma situação kafkiana”.



Uma situação kafkiana. O termo é consagrado e corrente em mais de 100 idiomas e quer dizer mais ou menos isso: o homem moderno que se vê enredado nas teias da burocracia estatal ou oprimido e julgado sem saber por quem nem porquê. É um mundo sombrio. O costureiro, sua personalidade bizarra, precisa de tratamento ou de holofote, que um bom emplasto para gente da sua estirpe.



Vamos a outra notável figura do cenário artístico nacional, uma cantora baiana chamada... não lembro bem, termina com galo o nome dela. Eis o que ela disse em entrevista: “Não gosto de livros. Namorado que venha com papo de Jorge Amado, tô fora!”. Meses atrás, ela levou ao Maracanã 50 mil seguidores.



É natural e até compreensível que nem a cantora que canta com as pernas nem o costureiro e muito menos os 50 mil seguidores façam a mais vaga idéia não de quem foi Franz Kafka, que seria o mesmo que pedir dinheiro a mendigo, mas Graciliano Ramos. É uma turma que não sabe manusear páginas, pensa que livro enguiça.



Essa gente boçal que aparece na mídia, berrando, costurando, roubando, que nunca jamais ouviu falar de livros ou qualquer outra forma de reflexão, é um perigo tão grande quanto, sei lá, sei sim, organizações criminosas ou mesmo o aquecimento global, que está na moda. “Formadores de opinião”, esses párias contribuem para a bestialização do grosso da população que não tem acesso a jornais, ou qualquer outro tipo informação séria para formar sua própria opinião, seu próprio senso crítico.



Tais pessoas famosas, são um reflexo da atual situação política e social do país. Essas “celebridades” são as que “orientam” os eleitores a votarem em gente exótica como Frank Aguiar, Clodovil, ou reabilitar Collor, dar imunidade a Palloci e Maluf, elegendo-os. Recebi de uma leitora um e-mail mostrando que o Big Brother recebe 8 milhões de ligações por dia. É a mesma gente que elege para o Parlamento esses notórios malfeitores. Antes do efeito estufa, as “celebridades” é que vão dizimar a humanidade.




Escrito por Alex Menezes às 20h12


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