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O Belo




O feio é belo e o belo é feio, sentenciou o autor de Otelo. Para você, o que é O Belo? Na natureza, na manufatura, no incorpóreo, nas simples ações, há sempre o belo a se apreciar. Mas donde vem ele? Como é e pode ser representado? Num pé-de-mesa marchetado, numa jóia com pedras raras incrustadas no inesperado interior da peça, no choque imperceptível de duas vozes que se atraem no ar; onde se personaliza o belo? Descartemos o belo interior; nos atenhamos apenas ao belo que pode ser apalpado com os olhos.



Um Ferrari pode ser um exemplo de belo. Mas é destituído de sensibilidade, condição sine qua non para figurar na minha lista. O belo também pode ser o ciciar duma mariposa anunciando a nova estação: uma torrente de imagens. A fruta e o sumo unidos; o interior da romã. O invólucro da barra de chocolate ou do vinho do Porto, ambos sabores antecipados pelo salivar; a forma de cálice da tulipa, que guarda orvalho, lágrimas da noite.



- Elejo a mulher.



Nada é mais belo. Não no sentido primitivo, sexual, mas no poético, no que guarda de infância ainda quando adulta, na magia de ser homem e ser oposto do homem e ser um ser sem ser aquilo que se supõe ser, na mulher transborda o ato e o sentido de ser.



A curvatura retilínea do corpo, o meneio ímpar do andar e não ímpar pelo gênero feminino-humano: grega, húngara ou africana, não há uma que ande e rebole igual à outra, espécie de impressão digital anatômica, porque glútea.



Um rosto de mulher, esculpido provavelmente pelo mesmo escultor que esculpiu o do homem, traz insígnias que as tornam reais: suavidade no talhe, melifluosidade no olho e no olhar; há aquela simpatia feiticeira que só é dada a matérias de natureza que têm a consistência de nuvem: tempestuosa e resplandecente no mesmo corpo.



Em forma de cone, de pilão, de tubo, de sereia ou de folclore, o corpo da mulher vagueia, abriga, se superpõe a si, entorna-nos, Enfim.




Escrito por Alex Menezes às 23h41


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