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O Advogado






O país está em polvorosa por conta do “julgamento” dos “mensaleiros”.


O que mais causa o clangor das massas (e de mim) é a defesa veemente que alguns advogados fazem em nome dos honorários, da cara de pau e do Estado Democrático de Direito para defender notórios e pós-graduados foras-da-lei.


É sintomático. Os nomes são de alto coturno social, político, econômico ou partidário – não vou me meter na armadilha de julgar o mérito da questão, não obstante os dedos quererem mandar às favas as ordens do cérebro e condenar todos os envolvidos no escândalo, tal é o grau de insatisfação e a receita de impunidade que grassa em nosso país.


O que condena é a frieza, a crueza a inteireza da letra da lei. A regra do jogo democrático é assim: não bastam pairarem suspeitas sobre acusados, tem de existir o que no mundo jurídico atende pelo etéreo nome de “Trânsito em julgado da sentença”, sem este mimo jurídico, delicado como um enfeite natalino, até Adolf Hitler é inocente. In dúbio pro reo – na dúvida, pelo réu, escancareia a máxima latina aplicada aqui e alhures. Não sei porque, mas gosto de “alhures”.


O que causa espécie é a defesa passional de advogados renomados no afã de convencer a nós e aos magistrados que são inocentes gente de quem não compraríamos não um carro, como pede o adágio, mas uma soez bicicleta, o medo de um pneu ralo, o guidão mal emendado como a traiçoeira barra de direção da Williams F1 do tricampeão; outra coisa: gosto de chamá-lo de “o tricampeão”, melhor que Ayrton, que Beco, que Senna. Como “o ex-beatle”; não o reconheço como Lennon, John, “Alma-guia dos Beatles”, etc; só como “o ex-beatle”.


Onde estava? Ah, nos advogados subvencionados pela paixão monetária. Não pode. A profissão pede austeridade, tudo bem defender o Mengele, o Maníaco do Parque, Stalin, Mão Tse Tung, Maluf, o Bicho Papão; são todos subprodutos da nossa cultura multiforme que produz monstros e a Cora Coralina: me ocorreu agora que os grandes vilões sociais são o imposto que pagamos pela existência de um simples Carlos Drummond.


Provavelmente ninguém será condenado: é gente de alta patente e neste tribunal penal chamado Brasil, só são enjaulados os soldados rasos. Senhores advogados estrelados: mais areia mais olhos, mas menos areia nos meus olhos.




Escrito por Alex Menezes às 00h44


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