O que o convence a comprar um produto? A embalagem? A confiabilidade da marca? A cor vermelha de forte apelo impulsivo? Ou a mera escravização da necessidade de comprar que nos assola?
Vou dizer o que não me convence a comprar, seja um ônibus espacial ou uma bola de gude: anúncios em que os garotos propagandas sejam atrizes e atores de TV, jogadores de futebol, modelos e seus congêneres, esse povo que despenca na e da mídia.
Outro dia vi um ator anunciar um empreendimento imobiliário. Falava com a eloqüência ganha na profissão, verbalizava com perícia, dava a ênfase necessária nos principais atributos do imóvel; se o volume ficasse mudo, parecia que ele declamava um soneto de Camões. Camões não, Eliot. Eliot não; nenhum. Como diz o Fagundes, alguns atores gostam é de ser ator, mas não de assistir teatro, estudar peças, que dirá ler poemas feitos por poetas.
Pode-se naturalmente louvar a atuação do ator. Mas cá para só nós dois: ele sabe que a gente sabe que ele JAMAIS iria morar naquele lugar, um bairro incaptável pelos radares dos novos-ricos, situado nos confins de uma zona cardinal perdida da cidade; zona esta que o ator decerto nunca ouviu falar, à exceção dalgum impacto das páginas policiais. Mas páginas policiais atores também não devem ler, apesar de elas serem mais movimentas e coloridas do que opacos poemas.
Atrizes vendem cremes de marcas populares com as quais elas não ousariam untar a sua derme sob pena e medo de em vez de juventude, ganhar rugas. “Pode nascer verruga-de-bruxa”.
Tenho um amigo que diz que já viu fazerem embaixada com um ovo; isso é nada, quero ver um desses vendedores de ilusão vender produtos funerários, “O mais confortável esquife do mercado”. Esse produto sim o garoto propagada será obrigado a usar, ainda que não seja do seu agrado o modelo escolhido.
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