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Extra! Extra! Bancos Distribuem Renda!



O Brasil descobriu um modelo inusitado e eficiente de fazer distribuição de renda, é assim: enche-se um avião com 5,6 milhões de reais, sobrevoa-se uma região paupérrima e deixe-se o aeroplano se espatifar no chão com quatro pessoas devidamente mortas – custo excessivo para tal modelo de caridade, mas como não é raro morrer gratuitamente à bala perdida, esse outro modo de morrer é até nobre e honroso. O Brasil inova sempre.



A forma mais famosa e rejeitada de se distribuir renda na terra do índio Tibiriçá é com um revólver (não, não é o LP dos Beatles) apontado para a cabeça. Essa modalidade arcaica e desumana não é muita aceita e sofre alguma restrição das autoridades, a pedido da sociedade que não se dispõe a partilhar seu bens de forma tão deseducada e bruta.



A dinheirama pertencia a três bancos. Os ladrões que saquearam o avião abatido fizeram uma boa festa com a grana. Os bancos lesados, (como é delicioso escrever “bancos lesados” sinto um prazer orgásmico) essa espécie de ladrão legalizado, nem podia – ou pode – reclamar dos saqueadores, há um popular ditado que diz que ladrão que rouba la...; suspendamos.



Um cidadão misterioso que vivia lá pelas bandas do Cosme Velho usava dizer que não era a ocasião que fazia o ladrão, como prega um adágio que eu acho que é universal; não, para ele, o ladrão já nasce feito; a ocasião só faz o furto, dependendo do caso, óbvio.



A Constituição Federal do Brasil, também conhecida, não sei se por ironia, como “Constituição Cidadã” (nunca lembro o artigo, me cobrem) prevê que “nenhuma instituição financeira pode cobrar mais de 12% de juros ao ano”; os bancos, munidos dos mais espetaculares cérebros jurídicos do mundo arranjaram jeito de cobrar (dentro da lei!) não 12, mas 200% ou quantos por cento quiserem, tudo ao sabor dos humores do mercado e da inépcia de uma população que não aceita ser achacada por ladrões profissionais (amadores também, vá lá) mas que aceita pacientemente ser dilapidada por esses ladravazes institucionais.



Desta vez três desses malfeitores figuram como vítimas num caso de roubo; seus dinheiros derramados no chão como o sangue dos mortos nas portas das suas agências, foi rapidamente surrupiado, se dissipou na atmosfera como se fosse um gás. Três bancos: um tem nome de pedra preciosa, (ironia 1) outro de “Brasil”, (ironia 2) e o último tem também, abreviado, Brasil no nome, só que de descontos (ironia 3).




Escrito por Alex Menezes às 21h30


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