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Ensaio Sobre a Ausência

- Valéria, valeria a pena um maltrato assim, uma dor...?....! - Rica, ardo, ardo de dor, mas deve ser assim, Ricardo... Qual será o melhor e mais eficiente método de dar fim a um romance? Mas romance romance, desses que alienam os sentidos. Claro é que não é desta forma teatral e literária do parágrafo de amantes anacrônicos aí de cima; quando há mágoa envolvida, olhares e gestos falam mais alto, impedindo que as palavras consigam subir as escadarias do esqueleto até chegar à boca, esse órgão dispensável e maquiavélico quando usado para dizer não. Alguém já andou a se perguntar para onde raios vai o grande amor quando o amor acaba. Não tenho palpite. Ou tenho: ele deve vagar pelas cidades, feito alma penada, a alma penada é a alma que não tem pena de ninguém. Enfim, fica um deserto. Amar, noutrora verbo intransitivo, ganha aspecto de sepulcro imaterial quando se ama a quem não se lhe quer amar. Antídotos, soluções, poções, diarréias cotovelais, (um modo de chorar por uma extremidade dura do corpo), visitas a especialistas, a porta do quarto dont not disturb. Já ouvi falar em chá que cura a ausência do amor, sendo que as folhas para a infusão são encontradas nas pétalas labiais do ser venerado, acha estranha a comparação?: quando se está amorável tudo lembra flores porque amar é um estado primaveril. Nem mil refletores com a potência de mil sóis são capazes de iluminar o escuro abismo. Tudo se torna vácuo. O que antes era vida é vácuo. E o que antes vácuo era prossegue vácuo, mas um vácuo que nos estende ao seu final: vê-se e sente-se o decompor súbito de si próprio, momento raro e indescritível, sentir e ver o dissolver da não-matéria; é quase uma experiência transcendental, sem os trilhos urbanos ou Gal cantando ou balançando ocê. É a poesia despossuída da sua essência, é a necessidade de proteger a verdade, com uma escolta de inverdades. Devo não ter me explicado, porque o resto é imperfeito. Escrito por Alex Menezes às 23h01

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