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Elogio da Melancolia

Muitos são os motivos que nos deixam assim, melancólicos, ou mericólicos, ou ainda malincólicos, como preferia Drummond. Muitas palavras, um só sentir.



Esse estado de tristeza é ate útil, pois em vezes tal sentimento quando não mata purifica; ambas situações, aliás, inócuas, a saber que o homem pode a tudo vencer, menos o seu destino.



As imagens criadas por toda a sorte de eventos tais como aviões que despencam dos ares, a crueldade e as injustiças dos mais fortes, a agonia do amor não retribuído, tudo isso são crispações de angústias e amarguras só percebidas pelos fracos. Somos fustigados pelo egoísmo, pela impiedade e pela covardia da brutalidade humana, tão abundante quanto o ar.



Todas essas incúrias do mundo desnudam o lado inumano e profundamente trágico da vida, momento em que, por questão de sobrevivência e equilíbrio, buscamos alcançar o vento, - o que vulgarmente chamam felicidade.



Diante das contingências da vida, a inutilidade de um destino vazio, o que é mais nobre para o espírito? Ignorar os nossos e alheios sofrimentos mesmo que tudo resulte em nada e terminantemente nada? Vão temores!




Os verdadeiros fortes são os desprovidos de ambição. Os modestos que não cobiçam o ouro, pois o nunca viram a cor, portanto é algo absolutamente estranho à sua natureza. Louvo por isso a gente simples, o sertanejo que em meio à sua condição de benéfica ignorância do orgulho, e da aparente miséria, ergue as mãos aos céus dando graças a um Criador invisível apenas nos olhos dos incrédulos. Nada lhes turba a alma serena. Carece-se de ampla fé tal disposição. Parece um Jó moderno, aquele que ao Criador agradecia a saúde e as chagas que, aliás, foram muitas. Um diálogo marcante entre ele e sua esposa:



“Ainda te aferras à tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre!”


“Como fala uma das mulheres insensatas, também tu falas. Devemos aceitar apenas o que é bom da parte do Verdadeiro Deus e não aceitar também o que é mau?”. Jô – cap. 2 versículo 9.



Por profunda melancolia perdeu-se a vida de Santos Dumont, Van Gogh, Wittegeinstein, Hemingway, Raul Pompéia e outros que a memória fraca e hora avançada me faz esquecer. Mas como Albert Camus propôs, que é o suicídio, um ato de valentia ou de covardia por conta da fraqueza e da incompetência para suportar os fardos do mundo e da vida?



Não me queiram mal pelo tema algo “azul” de hoje. Se amanhã quem sabe alguma notícia boa vier de mim ou de um outro lugar, prometo falar de flores.



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