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Criminosos do Brasil: Matem-me







Todo mundo gosta de falar de problemas macros; eu gosto dos micros. Enquanto todos se debruçam a desvendar os descaminhos do fim da CPMF, eu prefiro olhar o saldo minguado da minha conta corrente e perceber que a mingua é permanente com e sem CPMF; o que são 0,38% de garfada nas minhas transações financeiras quando há sobre minha pessoa uma carga galopante que se eleva a dezenas de tributos “enrustidos”?; não é nada. A CPMF pelo menos tinha identidade, eu podia xingá-la enquanto ia dissolvendo meu saldo. O governo como é criativo, logo criará outro tributo menos popular na mídia e mais voraz no bolso, só que secreto, como os votos dos senadores; tudo é questão de nomenclatura.



O delinqüente Chapinha que chacinou um casal de namorados (seviciando a moça) em dezembro de 2003, após réu confesso ser, após condenado ser, após ver-se, clinicamente falando, que não se poderia enjaulá-lo, colocaram o rapaz numa espécie de hotel 3 estrelas, às expensas dos pais das pessoas que ele selvagenmente aniquilou.



A unidade prisional onde o pária está detido conta com: TV de 29’, colchões macios, copa cozinha, quadra poli esportiva (coberta), sofá (de couro), pia de granito, chuveiros modernos e, como na música do Caetano, “art nouveua da natureza, tudo o mais”. Naturalmente não se trata de, como explicou o ministro do Supremo, castigar e não recuperar aquele que comete grave lesão à sociedade, mas tudo tem limite, e o limite extrapola quando o governador José Serra em dueto com o Secretário de Segurança Luiz Antonio Marrey vem a público e dizem que “não tem nada de mais”. Eu nem os entendo nem os perdôo.



O dedo e o cérebro pedem para eu escrever isto: “Ah, queria ver se fossem os filhos deles as vítimas de tão cruel assassino”. Mas o escritor não é só dedo e cérebro, é também intestino e tédio e gostaria de ver não os filhos das eminentes autoridades, mas ambos próprios defronte à desumanidade de um psicopata desta estirpe dotado de agudo desprezo pela vida humana, tratando a dor alheia como o homem trata a terra, com indiferença e até algum escárnio.



Eu tenho muito medo das autoridades nacionais; dos criminosos guardo pouco medo, tão comuns eles se tornaram entre nós; todavia, entre uns e outros, prefiro os bandidos das ruas, porque têm a vantagem, apesar do grande volume, de serem esporádicos, grande vantagem sobre os oficiais, que são perenes e pior, assalariados por mim, fato que me torna duplamente lesado por eles, uma espécie de bis in idem que temos de suportar sem reproche. Todos os demais criminosos que puderam ver na TV o benefício que Champinha obteve por trucidar covardemente Liana e Felipe poderão me escolher como próxima vítima antes que eu, por anseio e inveja à mordomia vista (tenho muitas fraquezas), decida mudar de lado do caldeirão social e trucidar alguém que digamos, pisar numa flor que ainda não plantei.



Ps: sobre HAMLETO, eis a explicação: o texto de Shakespeare se baseia numa obra preexistente chamada Ur-Hamlet, de Thomas Kyd, escrita em 1589. É chamado então, por eruditos, “em respeito ao texto original” de Kyd, “Hamleto”, em vez do puro Hamlet. A peça de Shakespeare também é chamada de “Hamleto Primitivo”.




Escrito por Alex Menezes às 10h44


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