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  • Foto do escritorABM

Casa Grande & Shopping

No começo, achei interessante, certo ar de aconchego, de que estamos “em casa”, nossa vovó.


Mas esqueci que estou num mundo em que a ideologia do lucro fala mais alto e nos mais singelos atos, escondem-se intenções...



Para quem não é de São Paulo, existe nos Shoppings daqui um restaurante chamado, “FAZENDA SÃO PAULO”. Ok. Belo nome.



Uma fazenda/ um casarão/ diversos açoites/tem jerimum/ tem muito mamão/ papoula pra cheirar...



A “hostess” do restaurante é uma senhora negra, lenço ou uma touca amarrada na cabeça, feito turbante, a sósia da Tia Anástacia do Sítio do Picapau Amarelo. A indumentaria tipicamente ornamentada como se a mulher estivesse paralisada no século XIX. Vi a primeira vez, a segunda, a terceira, todas as sempre vezes em endereços diferentes: a mesma mulher, o biótipo igual, os mesmos adereços, seriam clones?



Boa estratégia de markentig. Tal advento de uma senhora assim, a cor escura, o contraste da brancura alva da roupa, cara de boa cozinheira, dá um certo ar de senzala, de escravidão, os clientes a sentirem-se na Casa Grande, devorando os acepipes nesses lugares (Shoppings) também conhecidos como “Catedrais do Capitalismo.” A mulher é o contraste perfeito entre mundos absolutamente disparitos.



Acresce o fato de que as mulheres não cozinham. Não servem (é tipo “self service” o restaurante) quando muito olham a salada, uma escassez de carne, averigua moscas, avisa ao cozinheiro o sucesso do cardápio. Quando muito.



Não leitor, não é para outro fim que a mulher está lá que não para reforçar a idéia de “fazenda”, os currais onde muitos escravos perderam a dignidade humana quando não a própria vida, o que dá no mesmo. É desolador se atentar a tal prática.



No raso da minha alma, espero que não seja nada disso e sejam devaneios desse meu pensamento malévolo que não quer mais crer em nada que o homem meta a mão e sim que o empresáio ou o “gênio” de marketing do restaurante estejam imbuídos dos mais nobres propósitos, queiram mesmo empregar essas pessoas que com a idade que têm (são todas na casa dos 60) não conseguem empregos em lugar algum, nem na Casa Grande & Senzala.





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