Reputo esta tela de Sebastiano Conca (1680-1764), pintor do barroco italiano, uma obra mais do que prima, uma obra-irmã. Caso raro na Média Idade, Conca é um octagenário, como Michelangelo, que pinta com um sentimento alheio a conservadorismos.
A tela que você vê abaixo é um assombro: retrata o rei do mundo de quando de sua chegada a Jerusalém em 331 a.C para libertar o povo judeu do jugo persa. Assim que adentrou os portões da Terra Santa, Alexandre foi recebido com festa pelos sacerdotes judeus, e o rabino-mor o levou até a cripta onde residia o corpo do profeta Daniel, que cerca de 200 anos antes previu a chegada de Alexandre à terra dos israelitas. Quando chegou, Alexandre cumpriu a profecia, alguns o consideravam até um predecessor do Messias. (Daniel 8:20, 22 em diante)
Vê-se um Alexandre incrédulo observando um idioma estranho (hebraico) que jamais supunha existir. Imagino o furor de um gênio que cresceu entendendo que havia várias deuses e uns sujeitos vestidos com roupas solenes dizer que só existia Um... Belo fato histórico que vai ter repercussões no nascimento de Jesus e sua grande epopéia.
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