“Deus arruinará os que arruínam a terra”. Esse vaticínio bíblico ecoou por entre mim quando li que o clima esquentou 0,7 Cº no último século; mas não quero escrever sobre aquecimento global, doenças incuráveis, e toda a demais família de catástrofes que permeiam nossa retina, quando não a pele, que é um órgão mais sensível que o olhar.
Foi assim: um homem entrou no seu castelo medieval, procurou pelos amplos cômodos do lugar uma pedra que lhe havia dito um remoto ancestral do seu ancestral, era mágica. O mistério da pedra já fascinava e encantava sua dinastia que já contava com o acúmulo de milênios, uns superpostos aos outros, como os tijolos do castelo.
Após percorrer todo o reino, o homem (que não havia encontrado a tal pedra no castelo e supôs que ela poderia estar escondida nalgum casebre do reino, ou perdida num pardieiro qualquer) tornou ao seu palácio decidido a pô-lo abaixo caso o objeto de sua estima não aparecesse por obra involuntária; começou a implodir pedra por carnegão começando pelo opulento telhado de cedro; cedro mais nobre que o do palácio de Persépolis, casa dos grandes reis da Pérsia, em direção às mais profundas fundações. O castelo era formado dos mais suntuosos e raros insumos; vitrais da Gália (atual França) que à época nem Gália ainda era; cerâmicas oriundas de um reino distante chamado Cathay que mais tarde rebatizaram de China, pepitas de ouro da ex-futura África, ulá ulá; era uma procissão de preciosidades sem fim; com os entulhos deste castelo é que devem ter sido erguidas as primeiras colunas do Vaticano, sem ofensas.
Demolido o castelo e sem a pedra achada, o homem chorou por 40 dias seguidos; às noites ele sorria, com receio dum dilúvio lacrimal ou do ridículo. Perante a imponente ruína do seu lar, o homem cogitou ter sido vítima de um conto-do-vigário, ou conto-do-pastor, (sem ofensas, II) e rogou as mais estrepitosas pragas ao primeiro ancestral que fundou sua dinastia mandando ao diabo (já havia diabo àquele tempo) toda a árvore genealógica que colaborou para sua existência.
O homem então, arruinado e sem seu lar, denegando os seus ancestrais, lançou está profecia maléfica para o tempo vindouro: “Condeno toda geração que há de vir a sofrer os percalços da minha desventura; ordeno o sol (ele tinha poder sobre o astro) a abrasar pouco a pouco este planeta medonho, até que seja descoberta a pedra mágica que dá origem a todas outras pedras”. A pedra era o planeta Terra que ele não viu, porque pisava nela por todos os dias.
Escrito por Alex Menezes às 00h26
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