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A Coisa e a Letra X


Antes do texto de hoje, quero agradecer a todos que tem lido essas minhas expressões; em menos de um mês de vida foi superada a marca de 1000 visitas conforme mostra o marcadorzinho no pé da página; isso me estimula a continuar a escrever, pois além da atividade da escrita, esse espaço me deu um grande motivo de alegria.



Agradeço também aos comentários deixados na página e aos que, por modéstia, preferem comentar os artigos via e-mail. A quem não sabe, tais artigos serão transformados em livro no ano que vem. Um muito obrigado e fiquem agora com a Coisa e a Letra X:



Em alemão é “sache”, em italiano é “oggeto”, em grego é πράγμα, em russo é вещь, em francês é “chose”, em inglês é “thing”, em espanhol é “cosa” e na nossa inculta e bela língua é “coisa”.



Existe palavra mais versátil independente do idioma em que é falada? Ela cabe em qualquer situação.



- Tinha alguma coisa pra te falar.


- Essa coisa ainda me mata.


- Trouxe alguma coisa pra mim?


- Essa coisa que eu sinto por você...


- Esse papo já ta qualquer coisa (ver Caetano)


- Qualquer coisa você me liga.


- Tanta coisa na minha cabeça!


- É tanta coisa que eu queria dizer... (ver Fabio Jr.)


- Tá me escondendo alguma coisa hein?



Na fúria e no amor ela é bem-vinda; é ótima quando esquecemos ou queremos ocultar algo importante. Nos salva de enrascadas, dissimula, provoca, inquieta, constrange (o interlocutor), realça uma mentira, diminui uma verdade, alimenta uma esperança. Eita palavrinha boa sô...



Mas tem uma letra do alfabeto que rivaliza com esta palavra, quer saber qual? Seria a j? Não, muito sem graça. A s? É boa pra plural. O m também não é. A h nem pensar; é a mais inútil de todas. O d e o t não prestam um bom serviço; tem quase o mesmo som! Machado de Assis chamava essas duas letras de “trapalhices caligráficas”.



Mas observem a magia, a eficiência e a diversidade da letra x; com x escreve-se ‘inexorável’, substituindo o z (nunca diga “inecssórável”), escreve-se também ‘expedir’, que substitui o s, escreve-se ainda ‘enxame’ que substitui o ch, escreve-se ‘exceção’ que substitui sei lá que letra, talvez nem se precise dela nesta palavra; deve estar lá só para burocratizar o idioma; como escreveríamos ‘tóxico’ sem o x?”; “tóksico?” pareceria vasconço ou húngaro. Horroroso.


Não desconsidero a importância que algumas letras têm na vida de certas pessoas de renome, pois o que seria da vida de algumas celebridades se houvesse um artigo de lei decretado pelo Congresso e sancionado pelo atual presidente (que, aliás ama as Letras) que proibisse uma simples Ana se chamar Anna? Imagine o transtorno. Sua atuação na novela, se atriz fosse, não seria a mesma, tropeçaria nas palavras, esqueceria o texto. Creia com fé que uma cantora chamada Sangallo ficaria afônica se, num ato violento, lhe arrancassem o L do nome; já a Déborah que não contente com o h que, convenhamos, confere um certo ar de estrangeira à sua pessoa, tascou um c a mais no seu sobrenome com o correto e direito fim de afirmar que ele é realmente Secco. Accho que exaggerei, addeus.



PS: Acabo de fazer uma descoberta extraordinária que explica o fracasso da nossa (?) Seleção na Copa da Alemanha: se tivéssemos em campo um Ronalddo, um Kakká, um Gaúccho, Robbinho ou Robbertto Ccarllos, estaríamos todos hexacampeões



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