Quanto tempo dura um espanto?
Mais, ou menos do que um pranto?
O tempo que leva para a seda coser
É o mesmo que gasta para se desfazer
Entre o raio e o trovão há o descalabro:
Instante crítico que antecede o tom macabro.
É sincera a dor que só há no semblante
A não ser que se há iluda e a implante.
Se a questão que precede o tempo indolor
Fica clara a sensação de mero bolor.
O dente que assola lateja ambidestro
Doente, a existência equivale a seqüestro.
A mitologia nos tributa frios caminhos outonais:
– Só nos resta sorrir e julgar as dores divinais.
O heroi pranteia: o destino os corta do seu lar
Nada perdoa, caráter, honra: sutura a jugular
São belos, vistosos, mas todos fracos Já São.
Teseu, Perseu, Aquiles, até o tolo do Jasão.
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