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  • Foto do escritorABM

O Branco

Diante do papel em branco


Eu me sinto fraco, molenga.


Revejo o papel untado


Caio de olhos no branco, aprumado


Leio as letras ágeis, límpidas


Não rimo amor com pavor, sô


E tudo é uma folha em branco.


A vida é uma folha branca, uma alvura que dá gosto


A preenche com música, para abafar o látego


Família, amigo e moqueca, trem bom


Brancos também são os domingos


Quando caem de terça, dia de feira e roça


Semanas acabam em branco, translúcido


Se tudo não fosse branco, oxente


O bem tudo venceria, suprimiria


O tédio ia entronchar nós todos


E eu mesmo não versaria


Tentava era enforcar o tinhoso


Aquele que perfez a monotonia


Dilareça a gente, com malvadeza


Se houvesse um amor lapidado


Na esquina, no pé de jerimum


Não careceria de tanto branco


Tudo ia tá mais embelezado


Eu ficaria suscetível a ser feliz


Melhoraria a carestia


Mas a vida é feita em branco.


É um branco feito de fogo


Branco de feitiço, num sabe?


Esse branco que a nós ensoberbece


Marca com pincel de cerda branca


Branqueando tudo perto de nós.


Tudo um dia há de ser alvíssimo.


– Meu sinhô, só com a graça do Altíssimo.

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