Como bem notou Søren Kierkegaard, que tentarei traduzir em linguagem, vá lá, "acessível";
.... fé é fé, lógica é lógica, e ambas se completam, sem se contaminar.
Ora bem, os pensadores católicos têm o que em direito se chama "vício de origem", que é estabelecer conceitos inegavelmente abstratos com o rodapé da nossa fugaz existência. Não dá certo.
A fé supera infinitamente a lógica, porque a lógica tem a necessidade do amparo da "verificação", enquanto a fé existe per si, ela se autocompleta etc.
Diga a um moribundo desenganado que é preciso confiar na lógica da ciência. Se houver gás, ele o mandará aos quintos; se não, soltará um bocejo de enfado.
Agora, com a mesma tenacidade, diga-lhe que é preciso acreditar, ter fé, que o deus em que ele acredita operará o milagre necessário à cura.... : fé 5, lógica 0.
Os pensadores leigos (é assim que são denominados os não católicos pelo Direito Canônico) tem a vantagem da liberdade de ação, posto que a raiz cristã não dialoga com uma visão de mundo específica - coisa que influenciou negativamente pensadores brilhantes como Nietzsche e sua obsessão por detonar ícones religiosos por julgar equivocadamente que não há conexão entre o "ser" e o "existir". E claro que há.
A adoração que nossa humanidade tem pela violência ajuda a explicar a lacuna que os pensadores iluministas (séc 18) souberam preencher tão bem: a autoridade já não é mais a religião, mas a Razão. Foi daí que surgiu a necessária Revolução Francesa, modelo para o que ocorreu nos EUA pouco tempo depois, e o Ocidente floresceu como potência, deixando os orientais comendo poeira.
E agora vem a China para desdizer tudo - sem Iluminismo algum.
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