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Hipátia de Alexandria

Foto do escritor: ABM ABM


Corria em trancos o século 4 d.C.: a linda, a esplendorosa e ultra culta Hipátia de Alexandria, no alvor de seus 30 anos precisou ser massacrada a requinte de lâmina de ostras, por uma turba ensandecida, em nome do pacífico Cristo. Tudo porque defendia o racionalismo do pensamento grego em terras hostis ao raciocínio.


O impacto de sua morte é tão relevante para a História que o evento simplesmente marca o fim da Antiguidade e o início da Idade Média.


Hipátia não era apenas deslumbrante: há quem diga que, ao lado dela, a rainha Cleópatra não passava de um ogro com majestade.


A mulher era: cientista, astrônoma, matemática, escritora, professora, diretora de universidade, ensaísta e filósofa.


Era uma Gisele Bündchen com o encéfalo de Aristóteles. Não é pouco.


Nada mais atemorizante do que uma quimera com tais atributos.


Difícil é saber se o que incomodava mais nela era sua infinita beleza ou sua pós-infinita sabedoria, tudo isso concentrado num corpo de mulher. Compreender o perigo reunido nessa conjunção é o que ajuda a mover os sentidos e entender porque a História às vezes pede um h minúsculo.


Alexandria não era um bom lugar para ser o que essa mulher foi nos primórdios da primitiva igreja Cristã. As seitas e facções não tinham ainda um freio (o edito de Teodósio tornando o Cristianismo religião oficial do império fora promulgado apenas 2 décadas antes), e as convulsões para fazer florescer a nova doutrina esbarrava no mundo pagão do Egito, até então o vigente.


A bela Hipátia, acusada por uma fofoca, foi levada nua pelas ruas da cidade até um antigo monumento pagão retro fitado em igreja cristã: lá, tais quais os cacos de telha que serviam para amainar as feridas de Jó, ela foi descarnada com impiedade (ainda viva), e depois seus restos foram atirados ao fogo.


Mulher de ciência.


Não há registros de seus muitos estudos. Era insuportável ter uma mulher pensadora naqueles tempos: dificilmente acha-se um texto antigo com a assinatura de uma, porque a vergonha dos machos-alfas sobreviveu milênios sob o manto da violência.


Hipátia não foi canonizada - ainda. Não causa muito espanto. Joana D'arc, cérebro menos vibrante que o de Hipátia, mas transbordante de alucinações, doou a vida para a morte em 1431, e a Sé apenas concordou que, em vez de louca, era santa, em 1920: apenas 489 anos depois.


Quando me elegerem papa, será minha primeira medida, canonizar a moça e mandar esculpir um santuário em seu favor, para valorizar sua beleza...


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Alex Bezerra de Menezes

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