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Ser Chamado de Macaco Não é Racismo

  • Foto do escritor: ABM
    ABM
  • 5 de jan. de 2013
  • 2 min de leitura

Atualizado: 8 de nov. de 2021


Fico a me perguntar no que o jogador do Milan, Derek Boateng, se acha superior a um macaco para não suportar ser comparado a um. Num jogo amistoso entre seu time e outro inexpressivo, a torcida adversária fazia sons semelhantes aos dos macacos sempre que Boateng tocava a bola. Irritado, o jogador deixou o campo, seguido do time inteiro.


A estupidez da torcida faz páreo com a do jogador, que poderia dar uma lição de civilidade aos algozes dizendo ao fim do jogo que era uma honra ser comparado a um símio, vez que eles, símios, jamais protagonizaram atos desumanos contra a própria espécie, como no caso da raça de Boateng.


Mas Boateng se julga muito maior do que chimpanzés, talvez porque pilote uma Ferrari ou tenha consciência de que deve escovar os dentes; se tirar isso dele, ele deixa de ser Boateng. Já o macaco, se arrancarmos dele o seu habitat, ele continua macaco. Superioridade brutal do macaco sobre muitos Boatengs.


Fico a me perguntar qual seria a opinião do macaco se os seus pares o comparassem a Boateng. Desmaiaria? Ou morreria de rir por achar que não poderia ser tão rebaixado assim na escala do reino animal?


A semelhança entre o jogador e os macacos acaba onde começa: na cor. No resto, os orangotangos são tão mais graciosos do que um caminhão de Boateng, que, enfurnado de vaidade, não enxerga que a irracionalidade dos animais, em comparação ao homem, só têm vantagens do ponto de vista da moral; o macaco não sabe o que é consciência, e nem se questiona de porque está vivo, e nós, macacos apenas sem pelos, questionamos tudo e queremos nos vingar do impossível.


O conceito de racismo é muito estreito e míope. Eu jamais me ofenderia se me xingassem de macaco. Agora, supúnhamos que seja outro o animal objeto de analogia, troquemos o macaco por um leão, ficaria Boateng magoado por ser comparado a um leão?


Num mundo cada vez mais torpe como o nosso, em que valores são substituídos por banalidades, o que vigora, o que é lei, é ser bem-sucedido, “esperto”, “antenado”, “plugado”; não enxergamos o essencial, que, para Exupéry, era invisível aos olhos – e reside aí uma profecia estupenda, porque o ser humano do século XXI só enxerga o que está na superfície, o que estiver a meio palmo de profundidade não há ânimo para averiguar.


Entre o macaco e Boateng, eu prefiro o macaco, tem muito mais estilo.


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Alex Bezerra de Menezes

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