Quem teria a resposta para a verdade suprema da vida? A religião, a ciência? Tantos séculos passados, conceitos díspares, turbilhões de possibilidades e a pergunta perdura: o que será que virá depois que expirarmos? Um palpite...: o escritor e neurologista Oliver Sacks, estudioso do universo dos vitimados por retardamento mental, deixou adrede cair ao chão uma caixa de fósforos cheia de palitos; imediatamente seu pequeno paciente exclamou:
- Cento e onze!
- Mas como você pôde contar tão rápido?
- Não contei...eu vi 111...
Eram exatamente 111 palitos. Os espetaculares talentos deles são um enigma para a ciência. Como esses pequeninos gênios podem ser capazes de prodígios como elaborar equações complexíssimas e não conseguirem ler ou escrever? Num estudo no século 18, um menino vítima da doença foi capaz de, em 90 segundos, calcular que um homem de 70 anos, 17 dias e 12 horas tinha vivido 2.210.500.800 segundos – anos bissextos inclusos. A ciência os chama de “calculadores-relâmpago”.
O Dr. J. Langdon Down (que deu o nome à síndrome de Down), intrigado com as habilidades dessas crianças especiais, capazes de executar uma peça clássica de piano depois de ouvi-la uma única vez e incapazes de somar dois mais dois; chamou-as de “sábios idiotas”. O autismo, que faz o indivíduo voltar-se para si próprio, também é relacionada com a síndrome do sábio retardado; mas minha preocupação não é com o seu presente, porque devem ser felizes à sua maneira, e sim, já que alguns deles são dotados de extraordinários talentos, é como eles percebem o mundo, será que têm a resposta para o mistério da vida e quiçá, da salvação?
Outro dia estava a conversar com um iminente líder de uma religião de escopo cristão que crê, como todas as outras, que só a dele salva. Interroguei-o sobre os índios que nunca foram catequizados nem por ele nem pelo padre Anchieta, portanto o Cristo era-lhes inacessível. – “Deus tomará as decisões sobre eles”, respondeu-me com fé o ancião. E os judeus que não crêem em Jesus como o Messias? E os muçulmanos? E as tribos africanas com seus cultos e deuses ancestrais? E os esquimós, os beduínos que não se deixam influenciar por quaisquer culturas religiosas externas, e todo esse caldeirão étnico do qual é composto o mundo?
Pode ser que exista sim uma resposta para tais inquietações humanas. E talvez esses seres humanos especiais com sua hiper-sensibilidade guardem dentro de si essas respostas, porque por ora e por séculos e milênios, tudo o que chegou até nós foi especulação.
Escrito por Alex Menezes às 20h23
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