Mais uma vez a nação mais influente do nosso tempo sofre uma tragédia de impacto colossal. O massacre no Estado da Virgínia expõe o país ao vexame de se ver ferido nos limites de seu território praticamente inexpugnável – se pensarmos nele sendo atacado de fora: no sul, tem todo o México; no norte, todo o gigantesco bloco canadense; a oeste, o Atlântico; a leste, o Pacífico. É a maior fortaleza natural do mundo e, diferente da ineficiente Linha Maginot francesa (fortaleza construída para evitar ataques do leste nos anos 30, e que os Nazistas transpuseram sem dificuldade), permanece impenetrável, salvo quando atacada à sorrelfa (11/9) ou por seus próprios habitantes.
Os debates se concentrarão em torno do porte de armas, da pressão psicológica sofrida pelo estudante de origem coreana, o que aumentará a xenofobia e todas as demais comoções que tentarão explicar o inexplicável.
O Estado não é culpado por fenômenos desta monta. Quando um estudante invadiu uma sala de cinema em São Paulo e metralhou indiscriminadamente as pessoas que viam a sessão, o Estado também não teve culpa; ele, por mais policial que seja, não pode agir no microcosmo das mentes instáveis e/ou doentias. Exceto na ficção, o controle e o acesso da mente humana é matéria indisponível.
É doloroso ver, numa só tacada, dezenas de vidas serem ceifadas; mas aquilo que ocorreu na “América” (já que o EUA é o único país do mundo que não tem nome próprio, e por isso se apropria do “América”) não é um problema social, e sim extraordinário, um caso pontual e fora do contexto e da rotina norte-americana (não obstante ser este o 17º caso em 20 anos), o que mostra que o problema é mais midiático, porque dalguma forma o assassino tem vaidade --- sabe que sua ação causará repercussão em âmbito global.
O Rio de Ladeiras, também conhecido como de Janeiro, Cidade Maravilhosa e outros epítetos glamorosos, perdeu 19 vidas hoje (17/04/07) em tiroteio entre policiais e traficantes: inocentes entre tais; isso sim é uma calamidade pública, digna de estudos, comoções, passeatas e primeiras páginas dos jornais do mundo.
Por mais paradoxal que possa parecer, é mais fácil controlar uma mente doentia do que uma série de mentes que, unidas, causam um mal inominável. Recebi duras críticas quando, em texto recente, falei que o Brasil “era um cemitério de ladrões”; o caso, no Rio (!), dos policiais, delegados, advogados, juízes e desembargadores (!!) acusados (e presos!) de corrupção são uma mostra de que o país, infelizmente, não é um cemitério, e sim uma vivenda de bandidos que orbitam toda esfera social da pobre nação brasileira.
Escrito por Alex Menezes, às 22h29.
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