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O Herói Presidente

Foto do escritor: ABM ABM

O Homem-Aranha ficou indignado. Lanterna Verde (tudo bem, não resisto), verde de raiva. O Fantasma, Homem de Ferro, o Super Homem, o Batman junto com o Robin, a Mulher Maravilhosa, ops, Maravilha, e todos os oficiais da Justiça contra o Mal ficaram ensandecidos. Corre o ano de 2128. Foi convocada uma reunião de emergência na Sala de Justiça; falou o mais intelectual deles, Batman:


- Temos de fazer a máquina do tempo recuar até março de 2007, e repreender um certo Luis Inácio, que retemperou nossa classe à vala comum dos foras da lei, comparando os usineiros a heróis.


- Santa ofensa, Batman! Temos de tomar imediatas providências!


O supercomputador da Legião fez os cálculos e aportou todos os membros da Justiça na Esplanada dos Ministérios, na latitude do Planalto Central do Brasil. Por não conhecerem nem o país e menos ainda o sistema de governo deste pedaço obscuro de mundo chamado Brasil (que o Homem Gelo logo se preocupou por o nome soar “brasa”), e não sabendo onde poderia estar o autor da grave ofensa, eles foram diretamente aos ministros que reagiram com indulgência, porém felizes ---homens poderosos também gostam de fraternizar com celebridades, ainda mais se forem super. E foi uma festa de autógrafos como há muito não se via nos corredores e gabinetes secretos de Brasília.


O Homem ficou indignado quando um senador lhe perguntou qual o segredo de desaparecer, o que fez com que o herói suspeitasse que havia más intenções na obtenção da fórmula pelo Excl. Sr. Senador; outros foram convidados para festas íntimas em restaurantes, casas noturnas e casas de políticos, e davam uma garantia especial: não haveriam caseiros nelas.


De cabeça fria (menos o Tocha Humana) pelas indecorosas propostas recebidas, o Hulk foi convidado a se filiar no PT, e após grande périplo pelas aleias de Brasília, Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, o Ministro do Turismo enfim indicou a casa do responsável pelo desatino, e Batman, o incorruptível Batman, porta-voz da turma de notáveis, perguntou a ele se o digno presidente usava capa; “não”, respondeu o outro; “mas por que mora num palácio?”. Sem ter como explicar, o ministro apresentou Luisinho-Man aos nobres heróis. Um chegou voando, outro apareceu do nada, aquele escalou o vitral, fazendo a parede de chão: uma algazarra de malucos, com toda pompa empregada para mostrar quem de verdade era herói:


- O Sr. atingiu nossa classe, chamando notórios malfeitores de heróis; heróis deste país nós aceitamos, mas heróis do mundo fere nosso orgulho, estatuto e dignidade.


- Escute, companheiro Batman, estou convencido de que houve um tremendo mal entendido nas minhas palavras e que não é de hoje que elas são mal interpretadas. Os companheiros usineiros fazem uma contravençãozinha de vez em quando, matam uns boias-frias preguiçosos que não aguentam uma jornadazinha de 18 horas por dia, escravizam outros, tomam grana do BNDES a juro pouco e outras barbaridadizinhas, mas quem não faz? Tenho aqui um dossiê que revela seu caso amoroso com...


- Já basta! Podemos fazer um acordo...


- Olhe, companheiro morcego, eu não sou muito de acordo não; quero dizer, até sou, fiz acordos como nunca foram feitos na história deste país; qual a proposta?


- Somos do futuro, viajamos no tempo, e só agora (estamos no ano 2128) é que tivemos notícia da sua, é, ah, como é mesmo? Da sua, bem, você sabe, do seu “ato falho” com a classe dos heróis...


- Repita, companheiro? Ano 2128? Está fechado, você me leva para esse ano, eu me candidato de novo, e aí ficamos, é, ficamos...como é...


- Quites, Sr. presidente, quites.


- Quites, é isso mesmo, já podemos embarcar ou preciso fazer um pronunciamento à nação?






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Alex Bezerra de Menezes

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