O Instituto do Coração de São Paulo passa por uma grande crise financeira. Novidade alguma. Uma novidade: o deputado eleito por São Paulo, o ilustre Sr. Dr. Paulo Salim Maluf, resolveu escrever um artigo para a Folha de São Paulo sobre a penúria do Instituto, considerado excelência em sua área.
O ilustre Salim deu conselhos, palpites e que tais para que o órgão reerguesse sua saúde financeira. Salim é um homem rico. Muito rico. Tem uma das adegas mais nababescas da cidade, quiçá do país. É um homem rico o Sr. Salim. Grande empresário. Sua empresa, a Eucatex, entrou com um pedido na Justiça para um plano de Recuperação Judicial, em suma, sua empresa quebrou ou, mais elegante, foi à bancarrota, como dizem os italianos.
Mr. Salim não inovou. Não. Ele pediu, clamou soergueu sua voz de homem probo para salvar o Incor não com o dele, mas com o seu, o meu, o nosso dinheiro, senhora e senhorita leitora. Tal qual ocorreu na crise da Varig, a grita geral era de que o Governo (disfarce para eu, tu, etc) teria de ajudar a aérea. Sim. Mesmo aquele sujeito que mora na Vila do Sapo, lugar de renome em que os índices de passagens aéreas vendidas são bem altos, e assim, o alegre e bem nutrido cidadão sapense (sapiano?), pagaria a conta pela má administração de burocratas, ladrões e agentes alfandegários, justo e justíssimo.
Ditado popularíssimo diz que com pólvora alheia se dá tiro até beija-flor. Se Monseiur Salim me der um pouco de dinheiro dele, salvarei a Associação dos Duendes com Diverticulite, ou empenharei esforços para cuidar da Ong O Saci Existe e Não Pode Ser Extinto. Tenho grande habilidade para cuidar da grana alheia.
Um leitor da Folha encaminhou, irado, uma carta no dia seguinte ao jornal, pedindo que o xá Salim em vez de pedir grana pública, liderasse uma campanha de arrecadação entre seus pares (há milhares de pares malufianos, que posso fazer eu?) para salvar o hospital. Sheik Salim, leitor atento, respondeu à carta do leitor no outro dia (parece novela boa) e dizendo que era “oportuna” a sugestão d’ele doar dinheiro do seu durável bolso, mas que os sapianos federais e estaduais é que tinham de pagar, etc.
Sultão Salim devia ganhar um prêmio. Irei arrecadar com meus leitores uma quantia para comprar tal prêmio. Deposite seu soma neste conta: Agência 171 C/C 158 dígito 157.
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