Grace Kelly: única rival, perde por pontos.
É fogo. A mulher é feita de uma substância estranha ao entendimento do homem. Os gregos achavam que as mulheres eram pessoas de segunda classe, quase uma subespécie; elas eram, criam eles, “homens com defeito”. Gregos, sub-gregos, anti-gregos, neo-gregos, e até maus gregos não estão livres de falarem água, pelo elementar fato de serem ávidos por expressarem suas opiniões, e o mundo não seria nada sem a opinião dos tolos, mesmo os tolos sábios.
Explico. A mulher tudo suporta, homem nada suporta. Não sei se é temerário e/ou se eu posso ofender a classe dos homens se me tomar por exemplo para todos os demais; mas uma tolice a mais, dita por mim, não vai abreviar nem estremecer as fundações do universo.
Inventei de adoecer. Isso por si só já é uma hipérbole marota, marota; adquiri uma gripinha dessas que até galinhas (as aves) suportam com mais classe e pudor galináceo. Foi um pandemônio. Corri à farmácia ao primeiro sintoma da garganta raspar; depois foram chás, remedinhos caseiros, mel, limão, leite com canela, alho com pena de cisne, 2 miligramas de asa de morcego misturados com pó de chifre de unicórnio, uma macumba completa.
Primeiro porque todo mundo é médico. Diga quem tem um amigo que está mal, em coma profundo, com as costelas saindo pelo nariz, insuficiência cardíaca, falência renal, fígado derretido pela cirrose, respirando com a ajuda de um caminhão-pipa de oxigênio, que o seu interlocutor, seja ele pedreiro ou cosmonauta, terá a audácia de receitar uma dieta, um cataplasma qualquer, ensinado por uma tia cigana ou pediatra.
Só não entrei em desespero porque fui bem orientado pela minha médica particular, que entende de saúde e das minhas manhas, o assessório essencial que os homens usam para fazer crer aos outros a severidade da moléstia adquirida. Mulher é diferente. Mesmo eu sendo péssima referência, porque tenho medo de escuro, não gosto de avião, tenho medo de lagos e também de fantasmas, penso que o grosso dos homens são fracolas quando abatidos por uma doencinha de nada. Se o homem tivesse que dar à luz, por certo a civilização já estaria extinta, porque já no primeiro parto diria ele em prantos:
- Não vai passar, não vai passar...
Escrito por Alex Menezes, às 23h41.
Comments