Que gênio a poderia criar.
Sei eu.
Saber tu também não o sabes, ó nobre leitora. Tanta tramoia há em tudo que a gente inventa, que a própria inventividade fica prejudicada com tanto caldo ruim, sem contar os obséquios, outro vício abominável a quem se pretende cordial, como o escrevente que aqui lhe escreve.
A sorte, todavia, é que às vezes se consegue abstrair coisas simples de uma peça que se vê no teatro lírico. Mas que teatro? Quanta gente inda se dá do fado de ir ver uma peça, contemplar uma ópera nula que seja? Primeiro que os preços não são nada líricos, e mais ainda é escassa a vontade. A vontade nos guia a cada dia a coisas mais mesquinhas e menos, menosíssimas contemplativas --- veja lá se não guardo alguma razão.
Para cada folha verde que no mundo há, quantas outras centenas emboloradas existem para lhe compensar a cor? Muitas, senhoras leitoras.
Hoje, de repente, dei de conversar contigo, como se isto aqui fosse um diálogo de verdade, desses que soltam perdigotos na nossa cara, sobretudo quando o interlocutor não é, mas está bêbado. Peço que também não se afaste o cavalheiro leitor; também para ele é feito este exercício de contemplação, ou seja lá como encare este rascunho, tecido com alguma candura, sim, e muito gole de vinho ordinário, motivo pelo qual segue sinuoso e cambaleante o texto, não que, naturalmente, o motivo do enviesado seja a qualidade do vinho; um excelente não garantiria o retilíneo do artigo: álcool nobre e plebeu são ambos de igual família, ofendem o fígado e a mente com a mesma volúpia.
Vá que...
Não vá; hoje é sexta-feira, muito mais divertido que ficar aí desbravando textos obscuros é pensar em algo positivo para este dia sublime, único dia da semana que só realmente interessa, só realmente se faz valer, só de fato é aproveitado em sua totalidade quando termina, se é que me entendem. Vão lá.
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