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Cleópatra

Pergunta: Cléo, posso chamar a senhora de Cléo?

Cleópatra: Cleópatra VII Thea Filopator, Rainha dos Reis, oriunda da esplendorosa Dinastia Ptolomaica, descendente de Ísis, fluente em todas as línguas do leste ao oeste do Mediterrâneo, é assim que gostaria de ser chamada.

Pergunta: Muito bem C.V.T.F.R.R.D.P.D.I.M; a senhora reclama uma descendência com a deusa Ísis, como isto seria possível já que não correu uma gota de sangue egípcio no seu corpo, a despeito de seus ancestrais macedônios?

Cleópatra: Não pode ter corrido dentro de mim outro sangue que não fosse divino e sagrado como o da deusa.

Pergunta: Mas minha senhora, com todo respeito, o pessoal da qual descende e que invadiu o Egito 300 antes do seu nascimento era criadores de cabra!

Cleópatra: Ignomínia! Os Reis do Norte [Grécia] que trouxeram a luz para o Egito eram monarcas valorosos. Não aceito esta calúnia!

Pergunta: Me desculpe. Sua tumultuada relação com dois dos grandes imperadores romanos (Marco Antonio e César) foi o golpe mais diplomático já realizado na alcova. Se pudesse voltar no tempo, teria os envenenado ao invés de tê-los seduzido?

Cleópatra: Minha aliança com Marco e César não estavam na agenda política e estratégica. O meu amor se dirigiu a eles como a flecha de Eros, impossível de ser controlada. É claro que eu me sacrificaria pelo meu povo caso fosse necessária um acordo, mas não foi o que aconteceu. Os especuladores que vocês ousam chamar de historiadores são o negrume da sociedade e qualquer tempo.

Pergunta: A exuberância que chegou em Roma não pode ter sido a causa que inflamou o ódio e o posterior assassinato de César?

Cleópatra: Pensei ter alguém com conhecimentos básicos para me entrevistar. Cheguei humilhada a Roma [em 46 a.C] para viver com César, e isso custou o meu prestígio e minha dignidade divina. Foi com Marco que tive mostrar a Roma e o universo quem era a Rainha do Egito.

Pergunta: Realmente me equivoquei. De qualquer sorte, sua presença em Roma pode ter insuflado a conjuração contra César.

Cleópatra: Não creio. César já passava por dificuldades internas há tempos. Não tinha amigos, estava cercado de invejosos.

Pergunta: É verdade que César quando chegou em Alexandria pediu para ver o cadáver de Alexandre?

Cleópatra: Sim é verdade. Ele tinha adoração pelo rei Alexandre. Ele chorou diante da face do maior de todos os homens da Terra.

Pergunta: Você é uma das mulheres mais estudadas e admiradas da História. Isso é fruto de suas excentricidades ou um comportamento calculado para tornar-se uma lenda?

Cleópatra: As lendas morrem com os homens. Compreende agora minha ligação com Ísis, com Apis? É do furor dos céus que brota o que você chama de “lenda”.

Pergunta: Num ambiente de altas conspirações como era a Corte egípcia de sua e de todas as épocas, era mais fácil sobreviver aos inimigos ou aos aliados?

Cleópatra: Jamais fui vítima de nenhuma sorte de conspiração! Os deuses ancestrais protegiam e guiavam o meu governo. A prosperidade era o leme condutor do meu reinado. Quanto a sobreviver aos aliados eu penso que há mais sabedoria e vigor quando se sobrevive a quem nos tenta matar.

Pergunta: Sobre sua vasta cultura diz-se que muito foi “conquistado” em rituais mágicos, confirma?

Cleópatra: Se você chama de magia o divino, digamos que sim.

Pergunta: Bem, foi muito bom falar com a senhora, blá blá blá. Espero que tenha gostado também.

Cleópatra: Não gostei! Fui insultada em minha majestade, diminuída em minha honra de soberana que sou. Se ainda dispusesse da Guarda Real que me servia, o senhor jamais ousaria me confrontar com palavras tão vis!

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