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Ai, Ai, Carolina e Kuduro: Os Vilões



Fico realmente preocupado quando, numa casa, o único objeto que não junta pó é o controle remoto da TV.


Lembro um dia em que entrei num casebre e vi um desses quadros comprados em feira-livre, a imagem de São Sebastião, crivado de flechas e poeira…


Vivemos uma época singular, decerto. Vejam as músicas que andam nas cabeças e nas bocas; é um “ai isso” um “ai aquilo”; com um simples "ai" se faz uma revolução silábica. Há também o "kuduro", cujo refinamento auditivo me recuso a analisar.


As séries de TV, sobretudo as norte-americanas de canal pago, dão também o tom da época; são baseadas no caos como The walking dead ou American History Horror, ou outra em que alienígenas despedaçam a invencível Nova Iorque. A pauta é a aniquilação total.


Claro que as bem produzidas séries erram no gênero, mas acertam na espécie: a aniquilação se dará, mas não em forma de uma calamidade alienígena ou do upgrade de humanos em zumbis; por obvio que não.


Veja também como o Brasil se comove com ninharias. Vamos ao caso da Carolina Dieckmann. Quantas vezes a moça, belíssima atriz, não se mostrou em filmes ou novelas em cenas picantes ou em trajes sumaríssimos? Claro está que o crime cometido contra ela deve ser punido. Mas tal foi a grita que pensei que tivessem desnudado Madre Tereza. Mal comparando, é como se se revelasse o extrato bancário de um banqueiro; sabemos o que se vai encontrar.


Oito milhões de acessos; poderia ter sido 7.999.999 se eu também não fosse voraz em degustar os efeitos dos crimes alheios.


O BNDES, meu banco, nosso banco, é o maior financiador da construtora Delta, por já engolfada no mais novo escândalo republicano. Onde estão os protestos?


O governador do RJ é flagrado com a gangue do guardanapo, confraternizando em Paris com asseclas e o dono da construtora que mais recebeu contratos em sua gestão. Gastaram à beça. Zombaram idem. Mas com pólvora alheia eu dou tiro até em beija-flor. O senador Demostenes Torres foi ouvido pedindo caixas do Cheval Blanc 1947, cuja garrafa custa coisa de 50 mil reais. O que se ouviu? Um enorme silêncio.


Vê como não são catástrofes interplanetárias nem zumbis que darão termo a esta civilização? São vinhos, músicas e bisbilhotices sexuais os grandes vilões da espécie.


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