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A Fúria do Dragão

Às vezes duvido se o que faço neste espaço é provocação ou diário íntimo. Paracelso não tinha igual dúvida quando, do sêmen e do esterco de cavalo, criou o homúnculo que fazia até poema. Mas não sou Paracelso. Nem Paralex.



Por conta da conclusão do meu curso, essa semana farei uma visita monitorada ao temido IML.



Pretendo visitá-lo como vivo; ao menos assim espero. Não há lugar mais temível do que o IML. Nem cemitérios aterrorizam mais. Nem repartições públicas e a cadeira do dentista nem a Hebe de lingerie. A simples menção à palavra necrotério já causa engulhos em quem a ouve.



A China e a ex-Birmânia se transformaram em imensos necrotérios a céu aberto. Centenas de milhares de corpos sendo necropciados pela natureza que também guarda suas vocações de legista quando quer, e num só golpe de sua faca, terrestre ou aérea, consome quase 200 mil vidas e parece que ela produz morte, mas não produz luto, haja vista o sol prosseguir a brilhar impunemente.



O terremoto chinês serve para evidenciar a fragilidade do dragão asiático que cresce desordenada e concentradamente, deixando cidades à margem da pujança, palavra mais horrível, ainda quando posta no lado positivo da pilha. A China (e não o Terrorismo) é a grande ameaça para a estabilidade internacional nesse início de milênio.



Não quero escrever um tratado político desancando a política do mundo. Quero tentar entender porque enquanto centenas de milhares de pessoas estão apodrecendo à vista do céu e outras milhões estão desabrigadas, um governo despótico como o birmanês proíbe ou dificulta a entrada de ajuda humanitária. Só a Indonésia tem permissão para entrar. Então vamos ser todos indonésios, vamos todos falar o bahaso indonésio e ajudar dalguma forma naquela imensa tragédia. http://www.prnewswire.com/cgi-bin/stories.pl?ACCT=PRNI2&STORY=/www/story/05-08-2008/0004810195&EDATE=)



Esse é um site internacional que achei para ajudar as vítimas; se uma pessoa ajudar, já é alguma coisa.



A gente até entende sem aceitar a prepotência justa da natureza. Por naturalidade nos perguntamos qual a necessidade de um morticínio desses; mas a natureza que é mãe e inimiga ao mesmo tempo, quando não manda um rebuliço nas entranhas da terra tremelicar a superfície cria homens destituídos de humanidade que matam muito mais. Ia comentar a expulsão da ministra Marina Silva do governo, mas prefiro poupá-lo da minha ira, porque ela é tão inofensiva quanto a fúria de um passarinho.




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